Ulisses Castro

Atletas da ACBF passam por avaliações odontológicas. Foto: Ulisses Castro

Desde o início da temporada, os jogadores da Associação Carlos Barbosa de Futsal (ACBF) estão realizando exames odontológicos em ação integrada com a preparação física do time. A ideia é estudar o perfil de cada um e auxiliar na prevenção e na recuperação dos atletas ao longo da temporada.

Carlos Augusto Accorsi Ribeiro é especialista em implantodontia e mestre em prótese dentária. Ele é o responsável pelo acompanhamento aos atletas da equipe laranja e teve a ideia de criar o departamento de odontologia dentro do clube, afim de aprofundar as pesquisas sobre a odontologia no esporte e contribuir no desempenho da equipe dentro de quadra. “A gente sabe que os problemas bucais têm ligação com inúmeros problemas do corpo. O atleta de alta performance só pode ser considerado de alto nível se estiver com a saúde perfeita. As pesquisas que a gente vê é que muitos clubes, que movimentam bilhões, e atletas, que ganham milhões, negligenciam a saúde bucal. Então esse primeiro passo é focado no diagnóstico. Vamos entender os atletas e suas necessidades para depois sugerir soluções”, destacou.

No primeiro momento, os jogadores realizaram exames com uma câmera intraoral de alta definição, que aproxima a imagem em até 60 vezes, mapeando a boca de todos os atletas. Na segunda parte, Ribeiro montou toda a estrutura no ginásio, o que possibilitou que eles realizassem testes de mordida. Ao mesmo tempo, os dados já estavam registrados no monitor. “Nessa segunda etapa, utilizamos o equipamento chamado Teethan e com ele a gente mapeou o modo como a musculatura da mordida funciona, se tem o desvio para a esquerda ou direita. Estamos mapeando como ele abre e fecha a boca. Isso está ligado a todo o corpo do atleta, que funciona como uma máquina. Se você tirar uma peça da engrenagem pode desencadear alguns desvios que podem gerar alguns problemas para eles”, comentou o dentista.

Ulisses Castro

Fixo Lé também participou das avaliações pela ACBF. Foto: Ulisses Castro

Ribeiro lembra que poucos clubes de futebol dão a devida importância a saúde bocal dos atletas. “Poucos clubes cuidam desta parte internamente. No futsal é mais difícil ainda. Ainda não se valoriza, pois não se faz a ligação como se faz com medicina. Aqui na ACBF percebi os atletas muito interessados e muito motivados com esse acompanhamento”. Ele ainda ressalta a importância da odontologia do esporte em times de alto nível. “Atletas de esporte de alto nível precisam ter atenção ainda maior com a saúde bucal. Estão mais expostos a impactos, podendo gerar fraturas que os deixe ausentes por meses. Então a ideia é tratar preventivamente e impedir que problemas bucais afetem a recuperação. A doença gengival pode diminuir a recuperação da musculatura pós-treino. Às vezes, impede o ganho de musculatura. Se tem uma inflamação muito grande, talvez o trabalho físico numa academia não surta o efeito desejado devido a inflamação na boca, que está impedindo que o músculo trabalhe”, explicou.

Após a conclusão dos resultados, Ribeiro irá se reunir com o preparador físico da ACBF Alexandre Baldasso e o fisioterapeuta Cristiano Henzel para avaliar e relacionar os dados já recolhidos até o momento sobre os atletas e utilizá-los como suporte para as ações da comissão técnica e departamento médico ao longo da temporada. “Vamos correlacionar essas informações com o departamento médico da ACBF, unir esses dados e ver quem lesiona mais, tentar prever a lesão. Existe também a possibilidade de melhorar a performance do atleta. Há estudos em andamento que indicam que se você organiza a parte bucal, começa a melhorar o atleta como um todo. Foi isso que oferecemos à ACBF: um estudo em cima de todos os atletas a longo prazo para podermos também contribuir no desempenho deles”, concluiu.