O que parecia um sonho, se tornou realidade. Bateria é jogador do Cresol/Marreco Futsal pelos próximos dois anos. Com passagens marcantes pelo Joinville (SC), Inter Movistar (ESP) e Barcelona (ESP), o ala-esquerdo se sente motivado a voltar para a Seleção Brasileira, mas agora com a camisa da equipe de Francisco Beltrão.

Adolfo Pegoraro

Bateria é o novo camisa 10 do Marreco. Foto: Adolfo Pegoraro

Dione Alex Veroneze, o Bateria, natural de Palmitos (SC), está com o espírito renovado, pois no dia 1º de fevereiro nasceu a sua filha, a Antonella. Mérian Eduarda, a esposa do jogador, nasceu em São Miguel do Oeste (SC). Como são cidades próximas a Francisco Beltrão, Bateria está se sentindo em casa, perto da família. E isso é motivação suficiente para que o camisa 10 volte a render em alto nível, depois de passar por uma série de lesões com a camisa do Barcelona.

Hoje o JdeB traz uma entrevista feita com Bateria no Ginásio Arrudão, a sua nova casa. Ele quer, em breve, dar muitas alegrias aos torcedores do Cresol/Marreco. Ainda são muitos os sonhos e desafios a serem realizados na carreira desse jogador de 27 anos. Confira a entrevista com o craque Bateria:

Jornal de Beltrão Qual é a sua avaliação da primeira semana no Marreco?

Bateria – Estou feliz. Enfim chegou o momento esperado, pois estava desde a metade de dezembro aguardando para vestir a camisa do Marreco. Gosto muito daqui e estou ansioso por voltar a jogar, que é o que gosto de fazer.

JdeB – E o que dizer do clube?

Bateria – As primeiras impressões são boas, o clube está em plena expansão e crescimento. Todo time tem que melhorar sempre. Estando no Barcelona eu também via alguns pontos em que eles precisavam melhorar, isso é normal. O carinho e a forma com que todos me receberam aqui é o principal diferencial do Marreco. Em termos de estrutura, até agora não nos faltou nada. Estou muito motivado para a temporada.

JdeB – Como foi o primeiro contato com a diretoria?

Bateria – Gostei da conversa, principalmente pela seriedade que todo mundo passou, pela vontade de querer melhorar. Nos anos anteriores, dentro do poder que o Marreco tem, foi dado o melhor, mas eles disseram que neste ano vai ser ainda melhor.

JdeB – Equipes como o Inter Movistar e o Barcelona têm a evoluir também?

Bateria – Sim. É difícil encontrar um time perfeito. Graças a Deus eu sempre joguei em times de ponta, tanto no Joinville, como no Inter Movistar e no Barcelona. E o Marreco também é um time de ponta, o quarto clube na minha carreira. Em Joinville eu passei por um processo parecido, pois o projeto começou em 2009, eu acompanhei a evolução do clube, é algo similar ao que acontece com o Marreco.

JdeB – Você teve dificuldades no início de sua carreira? E por que escolheu o futsal e não o futebol?

Bateria – Meu pai sempre adorou futebol, gosta até hoje. Desde que eu nasci, estive sempre rodeado de bolas, sempre brincando e assistindo. Isso me motivou muito. Aos seis anos, meu pai me colocou numa escolinha de futsal e a partir daí eu já sabia que era aquilo que eu gostava. Até os 12 ou 13 anos, eu ainda mesclava o futsal e o futebol? Tive algumas oportunidades de jogar futebol, mas não deu certo, tanto no Grêmio como no Inter. Com 18 anos, eu já era profissional no Joinville e eu tive uma última oportunidade na base do Grêmio. Como não deu certo, decidi que não ia tentar novamente no campo e que a minha área era o futsal.

JdeB – Como que foi essa experiência no Grêmio? E por que você acha que não deu certo?

Bateria – Passar do futsal pro campo é muito mais fácil que fazer o inverso. Mas eu acredito que é preciso ter um tempo hábil para você se adaptar a outra modalidade. Tem muitas semelhanças entre o futebol e o futsal, mas também grandes diferenças, principalmente ao estilo de jogo e ao posicionamento. No Grêmio, eu fiquei dois ou três meses, fazendo esse período de adaptação. Eu acredito que um dos motivos que não me fez ficar no clube naquela época é que o Grêmio era bicampeão brasileiro sub-20, isso dificultou muito, pois havia vários jogadores de qualidade na minha posição, um meia de armação. E esse foi o motivo que eles me deram quando disseram que eu não ficaria mais no clube. Acabei voltando pro futsal e foi uma grande decisão.

JdeB – E se futuramente viesse um convite para você jogar em um grande clube de futebol, pensaria a respeito?

Bateria – Pensando friamente, eu acredito que não iria. Claro que se houver uma situação como essa, preciso avaliar com minha família e meu empresário. Hoje eu ficaria no futsal, que no momento é o meu lugar.

JdeB – Em quem você buscou inspiração em sua carreira?

Bateria – São três craques da bola, que acompanhei desde moleque. Os irmãos Vinícius e Lenísio, que sempre gostei do estilo de jogo deles, e do Falcão, que é um espelho da maioria dos jogadores, vendo o que ele faz até hoje, é uma grande referência.

JdeB – Qual é o maior orgulho que teve na carreira?

Bateria – São vários, pois são grandes momentos. Minha trajetória no futsal é curta, mas muito intensa. O momento mais especial na carreira é aquele sonho de criança, de vestir a camisa da Seleção Brasileira e poder representar o país em uma Copa do Mundo. Isso foi o ponto mais alto da minha carreira até agora. É acima do que qualquer jogador imagina.

JdeB – E qual foi a maior decepção?

Bateria – Foi a desclassificação na Copa do Mundo da Colômbia em 2016. Um momento bem crítico, que ninguém esperava uma eliminação tão precoce. Então foi um ponto bem negativo.

JdeB – Que sonho você ainda tem para realizar no futuro?

Bateria – Tenho vários objetivos. A curto prazo, é poder voltar a jogar em alto nível, poder demonstrar que eu estou 100%, que estou bem. A médio prazo é conquistar vitórias e títulos com o Marreco. E num futuro mais longo, quem sabe voltar à Seleção Brasileira.

JdeB – Como que foi o seu primeiro contato com bola no Marreco?

Bateria – Foi tranquilo. Esse período que passei para curar essa lesão foi difícil, suado, de muita dedicação. Tive que treinar duas ou três vezes por dia em Maringá, na clínica do fisioterapeuta da seleção (Kleber Barbão). Mas o reflexo de todo esse trabalho foi demonstrado na atividade da semana passada, com os treinamentos aqui no Marreco. Estou me sentindo bem, me vendo em condições de poder competir. Mas nos primeiros jogos eu vou estar preparado para vestir a camisa do Marreco.

JdeB – Tem ansiedade pela estreia?

Bateria – Sim, são mais de seis meses sem jogar, a ansiedade é grande. Não só por jogar, mas para sentir novamente o calor dessa torcida, que já conheci aqui no Arrudão, no amistoso da Seleção Brasileira.

JdeB – Quando foi a última partida?

Bateria – Foi no final de junho, na final da Liga Espanhola, contra o Inter Movistar.

JdeB – E você já estava sentindo dores?

Bateria – Sim. Passei a minha última temporada inteira (julho de 2016 a julho de 2017) sentindo dores. Foi um ano bem complicado, uma lesão atrás da outra. Algo que dificultou muito o meu rendimento. Tive três lesões, aí foi acelerado o processo pra eu voltar e não consegui voltar 100%. Pela pressão por resultados, tive que jogar antes do tempo necessário, e isso acabou me prejudicando. Mas agora esse momento foi ultrapassado e aquelas dores foram embora. E espero logo dar alegrias para o torcedor.

JdeB – Compare seu momento no Inter Movistar e no Barcelona.

Bateria – Os três anos no Inter foram muito especiais, com o título da Liga Espanhola, da Copa da Espanha, da Supercopa, foram momentos mágicos. Foi o momento em que todo mundo conheceu o Bateria. Não dá nem pra comparar com outro lugar, pois foi algo muito especial. Cheguei no Barça para conquistar títulos, era o meu maior objetivo. As lesões atrapalharam o rendimento, mas estivemos muito perto de conquistar títulos, fomos vice-campeões da Copa da Espanha, da Uefa, que é uma das competições mais importantes na Europa, e perdemos a final para o Kairat, do Cazaquistão. Perdemos a final da Liga Espanhola para o Movistar também. Nós tínhamos um time incrível, com grandes jogadores, mas que naquele momento não encaixou. Às vezes é por detalhes que não vem o título. Mas também tive momentos especiais no Barcelona, com gols marcantes, títulos regionais, como a Copa Cataluña. Não olho pra trás como uma coisa negativa. Sempre tento olhar pra frente, de forma positiva.

JdeB – O fato de não estar mais no Barcelona pode te prejudicar em uma convocação para a Seleção Brasileira?

Bateria – Acredito que isso não tem nada a ver. Já são mais de quatro anos de Seleção Brasileira e todo mundo já me conhece bem. Nunca trabalhei com o Marquinhos Xavier (técnico do Brasil), mas ele me conhece bem também. Se eu desempenhar bem o meu papel aqui, com certeza alguma oportunidade na Seleção Brasileira vai surgir.

Adolfo Pegoraro

Bateria quer voltar à Seleção Brasileira jogando pelo Marreco. Foto: Adolfo Pegoraro

Ficha técnica

Nome: Dione Alex Veroneze

Apelido: Bateria

Posição: ala-esquerdo

Data de nascimento: 16/12/1990

Naturalidade: Palmitos (SC)

Altura: 1,80 metro

Peso: 72kg

Clubes: Barcelona (ESP), Inter Movistar (ESP) e Joinville (SC)

Títulos de Bateria

2016: Eliminatórias da Copa do Mundo (artilheiro e melhor jogador do Brasil) e Copa da Cataluña pelo Barcelona;

2015: Copa da Cataluña (Barça);

2014: Copa da Cataluña (Barça), Liga Espanhola (Movistar), Copa da Espanha (autor do gol do título pelo Inter Movistar) e Torneio de Cervantes (Movistar);

2013: Grand Prix (Brasil);

2012: Torneio de Cervantes (Inter Movistar);

2011: Supercopa da Espanha (Movistar) e Troféu de Cervantes (Inter Movistar);

2010: Campeonato Catarinense (Joinville) e Sul-Americano Sub-20 (Seleção Brasileira);

2009: Catarinense, Copa Gramado e Copa Aquarius pelo Joinville.