Ao longo de mais de duas décadas, Alessandro Rosa Vieira, o Falcão, conquistou diversos títulos, quebrou vários recordes e encantou milhares de pessoas com seus dribles desconcertantes, construindo uma das histórias mais bonitas do esporte. Ex-companheiros de Corinthians e seleção brasileira, Franklin e Falcão levantaram, ao longo de suas respectivas carreiras, diversas taças. Mas, nenhuma ficou tão marcada quanto a da Copa do Mundo do Brasil, em 2008, que teve justamente os camisas 3 e 12 como grandes destaques – quebrando um jejum de mais de uma década sem títulos (a seleção não conquistava o Mundial desde 1996).

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Brasil e Espanha decidiram a Copa do Mundo de Futsal 2008. Franklin e Falcão foram destaques. Foto: FIFA

No entanto, para o goleiro, outro nome foi fundamental para o título: o de Paulo César de Oliveira, treinador, que soube administrar a grande pressão sobre o elenco. “Nós tínhamos que ganhar aquele título de qualquer forma. Ainda mais jogando em casa, diante da nossa nação, e carregando um peso de 12 anos sem títulos. Mas, o PC (Paulo César de Oliveira) foi muito feliz nas conversas que teve com o elenco. Nessas reuniões, ele deixou claro que o Falcão era o grande nome da seleção, mas que não seria o único responsável pelo título. Ele conseguiu dividir bem a responsabilidade entre todos. Colocamos o Falcão como peça muito importante, não única”, disse.

Além dos gols, sendo 15 apenas naquela edição do Mundial, Falcão também era o responsável por passar tranquilidade à equipe, principalmente nos momentos mais difíceis das partidas. Por conta disso, ainda era alvo de brincadeiras.

“A gente sempre brincava que quando as coisas apertavam era só jogar a bola no Falcão que ele resolvia. Ele sabia que não era o pronto primordial da equipe, mas sim o diferencial. E ele foi gênio nisso. Se fosse qualquer outro jogador “normal”, não teria conseguido. A verdade é que era muito melhor ter ele do nosso lado, do que contra”, comentou Franklin.

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Em 2008, a Seleção Brasileira de Futsal comemorava o hexacampeonato mundial. Foto: FIFA

E assim seguiu, com Falcão sendo o grande nome do Brasil no Mundial, até a partida decisiva diante da Espanha, disputada no Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Onde, por conta de uma lesão no joelho, o camisa 12 foi obrigado a acompanhar o drama da prorrogação, seguida pela disputa de pênaltis, do banco de reservas.

Justamente de onde saiu Franklin, o grande herói daquela decisão, que assumiu ter mantido em segredo o acordo entre ele e o goleiro titular, Tiago, sobre quem defenderia as cobranças dos espanhóis, caso a decisão fosse mesmo para as penalidades.

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Franklin foi um dos principais goleiros do mundo. Foto: Divulgação

“Nenhum atleta sabia. Na verdade, foi um acordo pessoal entre eu e o Tiago (então, goleiro titular da seleção), feito no próprio quarto da concentração. Então, não teve conversa com ninguém quando acabou o segundo tempo da prorrogação. Assim que o juiz apitou, o Tiago veio direto na minha direção com a bola, para me ajudar no aquecimento. Aí, depois das defesas, foi uma festa enorme”, revelou.

Presente na vida profissional de Falcão desde a promoção do craque à categoria principal do Corinthians, em 1993, Franklin exaltou o lado brincalhão e humano do amigo – que terá de se acostumar, após a aposentadoria, com “falta de rotina e adrenalina” que o Futsal proporciona.

“Ele sempre agregou muito ao grupo, principalmente fora das quadras. Era muito alegre e brincalhão nas concentrações, muito atencioso com atletas e torcedores. Eu sempre o admirei por isso. Só espero que ele não sinta muita falta de atuar profissionalmente, e que o futuro seja tão bom quanto é o presente”, completou Franklin.