O ciclo que começou de maneira conturbada para o futsal brasileiro terminou da pior forma. Depois de várias trocas de técnico, boicote de jogadores e poucas competições de nível, o Brasil se despediu do Mundial da Colômbia com a sua pior campanha na história do torneio. Campeã em 1982, 1985, 1989, 1992, 1996, 2008 e 2012, a seleção brasileira caiu nas oitavas de final após perder por 3 a 2 para o Irã nos pênaltis depois de um empate em 4 a 4 (3 a 3 no tempo normal e 1 a 1 na prorrogação). Eleito o melhor jogador do mundo em 2004 e 2008, Falcão balançou a rede três vezes – a segunda delas um belo gol de letra – e se despediu da Copa do Mundo Fifa sem chegar sequer à decisão do título.

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Fim da estrada para o Brasil na Copa do Mundo da Colômbia. Foto: FIFA

O outro gol brasileiro foi marcado por Dieguinho. Tayebi, Kazemi, Hassan Zadeh e Keshavarz balançaram a rede para o Irã com a bola rolando. Nas penalidades, Ari desperdiçou a segunda cobrança do Brasil, enquanto Rodrigo e Falcão converteram as suas. Para o Irã, balançaram a rede Hassan Zadeh, Sangseeidi e Ahmadi, autor do gol da classificação.

O jogo

O Brasil entrou em quadra marcando o Irã sob pressão. Com menos de um minuto jogado, Fernandinho finalizou duas vezes na frente do goleiro Samimi. Aos três, Ari lançou em profundidade, e Samimi quase se enrolou ao fazer a defesa. Dois minutos depois, Falcão tabelou com Xuxa e bateu rente ao poste direito iraniano. Aos sete, foi a vez de Dieguinho arriscar de longe. Atento, Samimi desviou para a linha de fundo com um leve tapinha.

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Dieguinho marcou um dos gols do Brasil. Foto: FIFA

Aos nove, o Irã chegou com perigo pela primeira vez. Em finalização de Hassan Zadeh, Xuxa tirou de cabeça de dentro da área evitando o gol. O Brasil abriu o placar no lance seguinte. Após cobrança de escanteio da direita, Falcão pegou de primeira, e Samimi não conseguiu segurar. Aos 12, o Brasil chegou ao seu segundo gol em um lance épico. Em cobrança de falta ensaiada, Rodrigo serviu Falcão, que marcou de letra, quase sem ângulo.

O Irã não se abateu e descontou a seguir. Depois de roubar a bola de Bateria, Tayebi arrancou sozinho e tocou com categoria na saída de Tiago: 2 a 1. Aos 15, Tayebi  viu o goleiro brasileiro adiantado e chutou de longe. Tiago deu dois passos para trás e tirou com um tapinha. Empolgada, a seleção iraniana continuou pressionando nos minutos finais. Aos 17, Tavakoli avançou pela direita e bateu com perigo, à direita de Tiago. Ainda deu tempo para Tayebi perder mais um gol feito, para sorte dos brasileiros, que foram para o intervalo com um gol de frente.

O segundo tempo começou com uma bola de Fernandinho no travessão iraniano. O lance acordou o Brasil, que passou a criar mais chances. Aos dois, o mesmo Fernandinho completou passe de Ari e mandou a bola rente à trave. Insistente, o camisa 10 brasileiro teve nova chance aos três. Após passe de cabeça de Dyego, Fernandinho ficou livre para concluir, mas chutou em cima de Samimi. Aos sete, o Irã assustou a defesa brasileira, quando Rodrigo perdeu bola para Tayebi, que carimbou o peito de Tiago.

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Experiente, Tiago também deve ter disputado sua última Copa. Foto: FIFA

Pouco depois, Falcão recebeu de Dieguinho e deu uma linda bicicleta. Samimi voou para salvar o Irã. Três minutos depois, o camisa 12 retribuiu a gentileza para o pivô, que tentou tirar do goleiro iraniano com uma cavadinha. A bola caprichosamente tocou no travessão e se perdeu pela linha de fundo. No lance seguinte, porém, não teve jeito. Dieguinho desarmou Tavakoli e finalizou com categoria para fazer 3 a 1. O alívio brasileiro foi apenas momentâneo, pois, aos 11, Kazemi recebeu de Tayebi e encheu o pé para marcar o segundo gol iraniano.

O gol motivou o Irã, que foi para o tudo ou nada nos minutos finais. Jogando com Keshavarz como goleiro-linha, a seleção asiática chegou ao empate aos 18, com Hassan Zadeh, completando tabela iniciada na defesa. Assustado, o Brasil passou a ser dominado nos minutos derradeiros. Contudo, o Irã não conseguiu o gol da virada, e a decisão acabou indo mesmo para a prorrogação.

Prorrogação movimentada

No tempo extra, a primeira chance foi dos iranianos, com Kazemi. O Brasil respondeu aos três, quando Ari ganhou da defesa rival e chutou prensado pela linha de fundo. Na sequência, Fernandinho recebeu livre na esquerda e tocou por baixo de Samimi. A bola triscou a trave. Sentindo o bom momento, a seleção canarinho passou a dominar a partida, transformando o goleiro iraniano na principal figura da prorrogação.

Aos três do segundo tempo, Tiago avançou ao ataque e mandou uma bomba. Samimi fez a defesa. De tanto insistir, o Brasil chegou ao quarto gol segundos depois, com Falcão, num toque por cobertura. Só que a seleção mal teve tempo de comemorar, pois, logo após a saída de bola, Keshavarz empatou novamente, levando a decisão para os pênaltis. Nas penalidades, Rodrigo e Falcão marcaram para o Brasil, mas Ari desperdiçou a sua cobrança. O Irã, por sua vez, converteu todas as suas tentativas, com Hassan Zadeh, Sangseeidi e Ahmadi, e pôde comemorar a histórica classificação em cima dos heptacampeões mundiais.