Tudo na vida tem início, meio e fim, inclusive os mitos. Considerado o maior jogador de futsal de todos os tempos, Falcão faz o seu último jogo oficial pela seleção brasileira neste domingo, às 10h, na Arena da Barra, no Rio. O adversário é a Colômbia, em duelo com transmissão ao vivo da Globo e do SporTV. Dono de duas Bolas de Ouro Fifa (2004 e 2008) e quatro prêmios de melhor jogador do mundo da Agla Futsal Awards (2004, 2006, 2011 e 2012), Falcão tem números impressionantes. Em quase 20 anos servindo à seleção, ele conquistou 25 títulos oficiais e fez 384 gols, número que o dá o status de maior artilheiro de todos os tempos em seleções nacionais dos esportes geridos pela Fifa (futebol, futsal e futebol de areia).

Ricardo Artifon

– Vai passar um filme na cabeça. Da primeira convocação até hoje. Por mais que nos últimos 20 anos você tenha feito isso várias vezes, vai ser diferente. A hora do hino, a saída do ônibus…tudo. Espero que seja marcante. Que eu esteja abençoado para brilhar e fazer o que a torcida mais gosta – afirmou Falcão.

Nascido em São Paulo em 1977, Alessandro Rosa Vieira iniciou a sua carreira no futsal defendendo o Guapira, clube da Zona Leste de São Paulo, em 1991. Sua incrível habilidade logo chamou a atenção do Corinthians, que o contratou no ano seguinte. A trajetória na seleção começou em 1998, aos 22 anos. Ao lado de Lenísio, Simi, Schumacher, o camisa 12 integrou a geração que disputou o Mundial de 2000, na Guatemala, e ficou com o vice-campeonato ao perder para a Espanha na final.

Falcão disputou ainda mais quatro Copas do Mundo Fifa. Depois de um terceiro lugar em 2004, no Taipé, ele conquistou os Mundiais de 2008, no Brasil, e 2012, na Tailândia. Este último teve um sabor bastante especial para o melhor jogador de futsal de todos os tempos. Depois de sofrer uma séria lesão na primeira rodada e voltar a jogar no sacrifício, ele ainda foi acometido por uma paralisia facial na fase de mata-mata.

FIFA

Falcão é o jogador com mais jogos em Copa do Mundo. Foto: FIFA

Mesmo com a limitação física, Falcão acabou sendo decisivo na vitória de virada por 3 a 2 sobre a Argentina nas quartas de final e ainda marcou um dos gols da final contra a Espanha – o placar também foi 3 a 2 a favor dos brasileiros.

– Aquele foi um momento difícil, que eu assumi a responsabilidade de continuar com a seleção naquele Mundial mesmo com a paralisia facial. Tive que tomar aquele decisão e escrevi uma história muito bonita – revelou Falcão em entrevista ao GloboEsporte.com, em 2014.

Em 2016, na Colômbia, Falcão disputou o seu último Mundial. Num ciclo conturbado, marcado por crises na Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) e longos períodos de inatividade da seleção, o Brasil acabou caindo diante do Irã nas oitavas de final, pior campanha do time verde-amarelo na história da Copa do Mundo Fifa.

Mesmo eliminado, Falcão teve uma despedida de Mundias digna de mito. Apesar de eufóricos com a vitória nos pênaltis sobre o Brasil, os jogadores iranianos cercaram o camisa 12 após a partida e o jogaram para o alto. Emocionado, o craque mal conseguiu se pronunciar ao deixar a quadra.

– Minha história em Copas do Mundo acaba aqui. Espero ter deixado um legado. Me esforcei e me preparei para isso – bradou aos microfones das TVs com os olhos lacrimejando.

Após o Mundial da Colômbia, Falcão declarou que não jogaria a próxima Copa do Mundo em 2020, mas disse que estava disponível para servir à seleção ajudando na transição para a geração que disputará o próximo Mundial. Após a demissão de Serginho Schiochet, Falcão chegou a ser convocado pelo interino André Bié para os últimos amistosos de 2016.

Este ano, com PC Oliveira no comando técnico do Brasil, as partes optaram por encerrar o ciclo do jogador na seleção. A partida deste domingo será o último compromisso oficial de Falcão com a camisa verde-amarela. No segundo semestre, porém, a gestão da seleção deve realizar um evento festivo de despedida para o craque, que completa 40 anos em junho.

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Falcão beija a taça do Mundial de Futsal: seu segundo caneco da competição mais nobre do futsal. Foto: AFP

– Falcão é um jogador que precisa ser tratado como instituição, o maior de todos os tempos, mas estamos virando um ciclo. Você precisa dele para se montar um plano de negócios, e dentro da reestruturação você tem que saber aproveitá-lo respeitando tudo o que ele representa para o futsal. Temos que virar a página do futsal brasileiro da melhor maneira para todos – disse PC.

Brasil: Tiago, Guitta, Luan, Neguinho, Nenê, Daniel, Leandro Lino, Lucas, Felipe Valério, Marcel, Arthur, Alex, Falcão, Deives, Rocha e Rafa. Técnico: PC Oliveira.

Colômbia: William Torres, Camilo Reyes, Yulían, Jorge García, Camilo Vanegas, Angellott, Jesús Franco, César Román, Javier Ortiz, Jorge Cardona, Echeverry, Toro, Acevedo e Jhonatan Correa. Técnico: Osmar Fonnegra.

Principais números da carreira de Falcão pela seleção brasileira:

384 gols em jogos oficiais
Dois títulos mundiais (2008 e 2012)
Duas Bolas de Ouro Fifa (2004 e 2008)
Quatro prêmios de melhor do mundo da Agla Futsal Awards (2004, 2006, 2011 e 2012)