Para Simi, decidir a LNF diante de um ginásio do Parque São Jorge lotado é a concretização de um sonho. Desde 2010, a disputa do título esteve muito perto do pivô, mas só foi se tornar realidade nesta temporada – justamente no ano em que ele trocou o Corinthians pelo Magnus/Sorocaba.

Guilherme Mansueto

Copagril 1 (0) [0]x[2] (0) 2 Magnus – Semifinal – Volta. Foto: Guilherme Mansueto

“É muito especial”, resumiu Simi, em entrevista ao ESPN.com.br. “Estou buscando isso há sete anos seguidos. Infelizmente, não consegui com o Corinthians, mas estou aqui com o Magnus e, sendo contra o Corinthians no Parque São Jorge, realmente é muito especial. Vivi muitas coisas importantes ali dentro.”

Em 2009, quando voltou a disputa a mais importante competição do futsal brasileiro, o Corinthians apostou em Simi para ser o principal nome do time. Em sete anos, o pivô caiu nas graças do torcedor, mas também amargou seis eliminações consecutivas na semifinal da Liga, “fantasma” só exorcizado após sua saída.

“Sabíamos o trabalho que fazíamos, sabíamos que ao chegar numa final dificilmente nos tirariam o título. O trabalho todos os anos foi bem feito, mas tudo tem sua hora. O momento do Corinthians é hoje, e o Simi não faz parte dele. Vivi momentos especiais, mas não era para eu estar numa final de Liga com o Corinthians.”

Simi deixou o Corinthians no início de 2016, em meio a uma profunda reformulação no elenco. Dificuldades financeiras quase acabaram com o projeto de futsal profissional do clube, mas o pivô acredita que, em seu caso, a situação foi um pouco diferente, já que sequer recebeu uma proposta de redução salarial.

“Claro que o Corinthians diminuiu a folha, falaram que não me encaixava nos padrões, mas acho que foi mais uma desculpa do que realmente não encaixar. Queriam dispensar e usaram como argumento. Vejo como natural, sempre dei a cara, fiz minha parte, era um dos mais cobrados e, infelizmente, os resultados na Liga não vieram.”

Com Simi, o Corinthians conquistou quatro vezes a Liga Paulista e uma a Taça Brasil. Na Liga Nacional de Futsal, foram inúmeras “bolas na trave”, a mais marcante em 2014, quando o pivô marcou o que seria o gol da inédita classificação à final, mas um tento no último segundo de Intelli/Orlândia acabou mudando a história.

Rodrigo Coca

Simi nos tempos de Corinthians. Foto: Rodrigo Coca

Simi acredita que, não fossem tantas frustrações, sua saída do clube poderia ter sido diferente. Nada, contudo, que o faça ter algum arrependimento do período que vestiu a camisa alvinegra. “Isso não diminui o trabalho que realizei. Tenho respeito da maioria dos torcedores pelo que fiz dentro do clube.”

“Em termos gerais, todos que passaram tem uma parcelinha de contribuição para que o Corinthians chegasse na final hoje. Também me sinto assim, trabalhei muito para que acontecesse. Os títulos que tivemos fizeram que o projeto permanecesse; que a diretoria seguisse pensando em futsal; que a torcida abraçasse; que o clube respire o futsal. Hoje é difícil passar pelo clube e não ver o futsal lá dentro. Criou seu espaço.”

Sobre a final da próxima segunda, em que o time de Sorocaba precisa vencer para evitar o título do Corinthians e forçar um terceiro jogo, Simi acredita que seu conhecimento sobre o outro lado pode fazer a diferença – além dele, o time do interior de São Paulo também conta com Charuto e Neguinho como “vira-casacas”.

“A gente sabe da dificuldade tanto de quem vai jogar contra, como para a equipe do Corinthians. Sabemos que, se fizer um bom jogo e vencê-los vai pressionar muito para a próxima partida. É um momento que eles ainda não vivenciaram no Parque São Jorge”, avaliou o pivô.

Na primeira partida, em Sorocaba, o Corinthians venceu por 3 a 2 e será campeão nesta segunda com um empate. Já os visitantes precisam forçar o terceiro jogo para ficar com o título e, para isso, só a vitória interessa no ginásio alvinegro – o mesmo em que Simi marcou história e agora terá que tentar evitar o final feliz…