Os olhos não desviam da bola, e sob as traves a concentração é visível. Luan Matos, seis anos, nasceu com má formação congênita, mas as limitações físicas não impedem que ele seja goleiro no time de futsal da escola. Morador de Tubarão, ele é fã de Cássio, do Corinthians, e também do goleiro Marcinho, do Tubarão Futsal. Ele não perde um jogo, e em agradecimento ao torcedor, o atleta fez uma visita surpresa ao pequeno jogador.

Guilherme Hahn

Luan e o goleiro de futsal Marcinho. Foto: Guilherme Hahn

O encontro foi programado por causa do Dia do Goleiro, na sexta (26), data celebrada desde 1976 em homenagem ao aniversário de Haílton Corrêa Arruda, o Manga. Ídolo brasileiro na posição, ele conquistou inúmeros títulos e foi o goleiro da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1966. Do campo para a quadra, Luan não perde uma defesa de Marcinho, e ficou eufórico com a surpresa feita pelo ídolo.

“Ele está no caminho certo, no esporte, nos estudos. A gente fica muito feliz de ter um rapaz desses nos apoiando lá, dando força”, elogiou o goleiro.

Tímido no primeiro momento, Luan falou pouco, mas quando a bola rolou, foi só alegria. O pai Robert Camilo Tartare conta que o menino é super fã de Cássio, e se apegou a Marcinho pela identificação com o setor defensivo. Cada vez que o treinador Cláudio Nunes pede um voluntário para defender a meta, Luan é o primeiro a se dispor. O técnico até oferece outras posições, mas a paixão — e a coragem de enfrentar os perigos do gol — falam mais alto.

“Uma vez fui tentar agarrar com o pé e veio aqui (aponta pro meio das pernas)”, conta, rindo, o pequeno goleiro.

O Tubarão, atual campeão catarinense de futsal, tem atraído cada vez mais público para os jogos na Arena Multiuso Estêner Soratto. Na Liga Nacional, o time tem 100% de aproveitamento até aqui, e está em segundo na tabela. A campanha positiva tem mexido com os fãs de futsal na cidade, ainda mais com um torcedor como Luan, que arrasta todo mundo para a arquibancada.

“Há um ano e meio começamos a acompanhar o futsal, e logo o Luan se identificou com o Marcinho, também pela adaptação dele, é a posição melhor para jogar, que ele pode mais. Mas é mesmo uma paixão pelo gol, ali não tem limite para ele”, comentou o pai.

Guilherme Hahn

Alegria de Luan ao lado do ídolo. Foto: Guilherme Hahn

Sete cirurgias em poucos anos

Horas após o nascimento, Luan passou pela primeira cirurgia, para corrigir uma hérnia umbilical. O menino crescia normalmente, até que aos nove meses, foi possível diagnosticar que ele havia nascido com má formação congênita. O tratamento começou de imediato em Florianópolis, e continua até hoje. Do lado cognitivo, nenhuma alteração, e Luan tem ótimas notas.

Com quase três anos, fez uma cirurgia no quadril, também já operou a mão e precisou amputar a perna esquerda na altura do joelho, procedimento que deixou a mãe desolada. A maturidade para enfrentar a situação veio de pequeno guerreiro.

“ Eu estava desesperada para saber como seria a reação dele após a cirurgia. Antes, ele conversou comigo, tinha quatro anos. Ele olhou para mim e disse “mamãe, eu vou tirar essa perna e vou ter uma perna para poder jogar bola”, relembra.

Em maio, Luan tem mais uma cirurgia agendada, e a troca de prótese é realizada todo ano, para acompanhar o crescimento do menino. A prática esportiva contribui e muito para o desenvolvimento físico, sem contar a interação social e as amizades que se fortalecem.

“Cada vez que ele se movimenta mais, que ele faz mais exercícios, isso está ajudando a coluna dele a endireitar. A escoliose tem graus, estava em um grau avançado e agora esta em um grau mais baixo. Isso está ajudando muito ele”, comemora a mãe, Eloar Matos.

Confira a reportagem completa da NSC, AQUI.