Ricardo Artifon

Marquinhos Xavier no comando da Seleção Brasileira de Futsal. Foto: Ricardo Artifon

O ciclo do primeiro ano de Marquinhos Xavier como técnico da Seleção Brasileira foi completado nesta terça-feira. São 365 dias no comando do Brasil nas quadras, acumulando apenas vitórias ao longo da trajetória. Marquinhos completou 16 partidas com a Seleção Brasileira.

A maior vitória veio em duelo contra o Uruguai, na fase de grupos do Grand Prix, quando o Brasil venceu por 10 a 1. O mesmo Uruguai que também dificultou a vida do treinador em um amistoso, quando a Seleção superou a celeste por 1 a 0.

O balanço dessa experiência não poderia ser melhor do que positivo. O treinador avalia que o aproveitamento foi importante, mas ressalta o resgate do respeito que os adversários sentem antes de encarar a Seleção Brasileira como grande trunfo.

“O que pavimenta uma preparação não são só vitórias – às vezes as derrotas te trazem bons caminhos e resultados, com você aprendendo a lidar com algumas frustrações. Mas as vitórias foram importantes, ainda com as conquistas do Grand Prix e do Zonal Sul-Americano, que mostra que a Seleção segue sendo respeitada e uma das maiores do mundo. Então o balanço é positivo, de um ano de bastante trabalho e dedicação que culminam com conquistas importantes”, pontua.

Ricardo Artifon

Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Futsal, liderada por Marquinhos Xavier, durante amistoso internacional. Foto: Ricardo Artifon

Europa x América do Sul

Dentro das 16 partidas vencidas por Marquinhos, a Seleção enfrentou equipes sul-americanas e europeias. Muito se fala da diferença na característica de jogo das duas “escolas” mais tradicionais da modalidade, exaltada pelo treinador brasileiro.

“Embora o futsal seja único no mundo, as culturas fazem com que cada país tenha uma diferença na característica de jogo e isso precisa ser respeitado sob pena de você não conseguir um bom resultado, por exemplo, se quiser implantar o que se faz no Brasil em um país da Europa ou vice-versa. O que se faz lá respeita questões culturais do continente, assim como por aqui. De todas as equipes a República Tcheca foi a que mais me chamou a atenção. Uma equipe forte fisicamente, que lê bem o jogo e tem potencial para crescimento”, destaca.

A experiência como treinador da Seleção ainda não foi suficiente para mudar tanto a personalidade de Marquinhos Xavier, como o próprio confessa. Porém, aponta que desde que assumiu a Seleção novas oportunidades surgiram para levar conhecimento para outras pessoas, inclusive fora do país.

“Talvez não exista grande mudança na questão profissional e pessoal, mas a Seleção te dá oportunidades para desbravar novos caminhos e faz com que o profissional tenha uma responsabilidade um pouco maior – dentro disso a oportunidade de falar mais de futsal brasileiro, melhorar a modalidade como um todo. A principal mudança nem é a nível profissional, mas a nível de oportunidades. São situações que acontecem para quem está à frente do cargo, como a oportunidade de estar em outros países e falar sobre o futsal brasileiro. Acho que essa é a mais significativa de todas”, afirma.

Ricardo Artifon

Brasil tem pela frente amistosos contra a Seleção da Argentina, atual campeã do mundo. Foto: Ricardo Artifon

Próximo desafio

O próximo encontro marcado será para enfrentar pela primeira vez a Argentina, nos dias 23 e 25 de setembro, em Manaus (AM) e Boa Vista (RR). Marquinhos alimenta a expectativa de estrar neste clássico Sul-Americano e destaca uma provável mudança de perfil dos nossos “hermanos”, já que trocaram de treinador com a saída do campeão mundial Diego Giustozzi (ele assumiu o El Pozo, da Espanha).

“Acho que a saída do Giustozzi terá uma mudança, mas não deve ocorrer em curto prazo, pois dificilmente alguém consegue mudar a filosofia em tão pouco tempo. A Seleção Argentina irá manter muito a sua essência. Em médio e longo prazo obviamente irá ocorrer mudanças, pois cada treinador tem sua característica, seu estilo, e o desempenho é muito norteado pelo que você dá no treinamento. É como se fosse uma medicação. Cada dia o atleta vai tomando aquilo e vai criando uma diferença”, pontua.

Olho no Mundial

Faltando aproximadamente dois anos para a próxima Copa do Mundo, os trabalhos começam a chegar em uma parte de decisiva do planejamento traçado pela comissão técnica.

“Enquanto não nos reunimos, estamos monitorando os atletas, o nível de atuação. Temos uma geografia muito complicada no Brasil, podendo montar até duas equipes de alto nível, assim como fora do país. Por isso que quando assumimos o planejamento foi de monitorar aproximadamente 60 atletas dentro do Brasil e outros 20 fora do país. Então são 80 profissionais que estão sendo avaliados e monitorados por todos os membros da comissão técnica, cada um na sua área, para que possamos observar os atletas e avaliar o nível em que estão. Estamos tentando de alguma forma seguir nosso planejamento e o que temos feito até o momento tem sido muito bom”, explica.

Retrospecto

Amistosos
Brasil 1 x 0 Uruguai
Brasil 7 x 1 Uruguai
Brasil 3 x 1 Costa Rica
Brasil 5 x 1 Costa Rica
Brasil 8 x 2 Paraguai
Brasil 8 x 3 Paraguai
Brasil 3 x 1 Polônia
Brasil 5 x 0 Polônia

Liga Sul-Americana (Seleção Principal)
Brasil 3 x 1 Peru
Brasil 5 x 3 Equador
Brasil 3 x 2 Colômbia

Grand Prix
Brasil 10 x 1 Uruguai
Brasil 6 x 1 Costa Rica
Brasil 8 x 4 Bélgica
Brasil 9 x 4 República Tcheca
Brasil 4 x 2 República Tcheca