Tradição se faz com tempo, divulgação do nome, consolidação da marca e expansão de horizontes. E tornar-se uma potência esportiva acontece com títulos, grandes feitos e com a manutenção no topo das disputas – fatos corriqueiros na história do Minas Tênis Clube. A agremiação é uma das pioneiras na prática de vôlei, natação, judô e basquete de alto rendimento em Minas Gerais, com a potência dessas modalidades conquistadas pelas façanhas nos territórios nacional e internacional.

Moisés Silva

Minas quer formar elenco balanceado entre atletas jovens e experientes

O futsal minastenista, pelo fato de carregar o escudo do clube no peito, segue a tradição, com 80 anos de história, dois títulos da Taça Brasil de Futsal (2002 e 2012) e sendo a única equipe a participar de todas as edições da Liga Nacional. No entanto, a modalidade ainda não se constitui como uma potência como outros esportes presentes no Minas. Por conta disso, o clube iniciou, neste ano, um projeto para tornar o futsal uma das maiores forças do Brasil. O objetivo é colocar a equipe entre as quatro maiores do país em um período de cinco anos.

Há 20 anos no clube, o atual chefe do departamento de futsal do Minas, Luiz Henrique Taveira, não se conformava com a falta de conquistas no cenário nacional e em ver os jovens valores formados em seu “quintal” indo desenvolver suas carreiras em outros lugares. “Nossa história de formação no futsal é muito boa, mas a gente ficava chateado porque, eventualmente, perdia o trabalho. Formávamos muitos atletas, mas não conseguíamos sustentar os meninos aqui. Os jogadores saíam muito baratos para as equipes do Sul. O clube sempre foi competitivo, mas nunca brigava por títulos. Quando assumi o departamento de futsal, fiz um projeto, um plano de negócios, para tentar apostar na modalidade. E deu certo”, conta Taveira.

E o pontapé inicial seria arrumar um patrocinador master para bancar a montagem do time e o investimento. Além disso, o Minas via a necessidade de trazer uma grande estrela do futsal nacional para ser uma referência na mudança de patamar que o clube almeja.

“Mostramos o projeto para o Pedro (Lourenço), dono do Supermercados BH. Ele viu que era um projeto muito sério, e conseguimos fazer um acordo de três anos. E uma das prerrogativas era exatamente contratar o Ciço como carro-chefe, um expoente para desenvolver o projeto dentro e fora das quadras pela figura que ele é, pela representatividade que ele tem no futebol nacional, pois é um atleta de seleção até hoje. O clube abraçou a ideia, o BH fez a parceria, e, junto com ele, as outras coisas foram acontecendo. O Mercantil do Brasil já é um parceiro antigo. A Perfa Alimentos, a Araujo, a Ótica Express. Conseguimos uma verba que nunca tivemos”, relata.

Além do fixo Ciço, chegaram cinco atletas mais experientes, e os jovens valores foram mantidos com o objetivo de formar a base do time para dar seguimento ao projeto e tentar cumprir as metas audaciosas traçadas para a equipe.

“Não podemos sonhar pequeno. A ideia é, a cada ano, nos reafirmarmos dentro do clube e nas competições do cenário nacional, que são a Liga e a Taça. Nós temos metas ousadas até 2018, que é ficar entre as seis principais equipes de futsal do país. E isso com certeza vai trazer mais público, vai fidelizar o que já temos, e o futsal vai ser muito atraente para o nosso sócio. A gente quer que a coisa tome uma proporção muito maior”, conclui Taveira.

ESTRELA

Ciço tem a missão de tocar o projeto

Moisés Silva

Ciço chegou para ser líder dentro e fora de quadra

Campeão mundial, tricampeão sul-americano e um dos melhores fixos do mundo. Jefferson Rodrigues de Britto, o Ciço, foi o atleta escolhido para dar visibilidade ao futsal do Minas, atrair mais patrocinadores e comandar a equipe rumo ao posto de potência no país.

O jogador acredita que, com o trabalho no longo prazo e a manutenção da equipe, aliados à estrutura e aos patrocinadores, o Minas caminha para se tornar um dos destaques do futsal brasileiro.

“Em um clube com uma estrutura dessa, com um projeto bacana, com o Supermercados BH nos apoiando, temos tudo para fazer coisas importantes. Temos que ir construindo isso pouco a pouco, sabendo que temos um time jovem, mas ao mesmo tempo sabendo que, lá na frente, esse time vai se tornar experiente e homogêneo”, afirma.

E, para chegar lá, Ciço acredita que o time precisa ir traçando metas menores, como se classificar entre os oito melhores na atual temporada para decidir as oitavas de final em casa. Depois, sonhar com objetivos maiores. “As pretensões são sempre as mais altas possíveis quando você começa uma temporada. E neste ano, o time deu um salto de qualidade, o investimento cresceu. Esperamos ficar entre os oito na primeira fase para conseguir jogar o play-off em casa”, conclui.

ORGANIZAÇÃO

Atletas do clube lamentam pouca visibilidade no Estado

Caso o Minas Tênis Clube consiga se tornar uma potência no futsal nacional, Minas Gerais, mais especificamente Belo Horizonte, voltará a ter visibilidade na modalidade. O pouco espaço dedicado ao esporte na mídia, o baixo investimento e a falta de organização são alguns entraves para o crescimento local e maior adesão do público.

Por conta disso, os atletas do Supermercados BH/Minas lamentam o reduzido espaço que o esporte tem no Estado e o fato de o time de futsal do Atlético não existir mais, pois a equipe criava competitividade e colocou em evidência a modalidade no Estado.

“Particularmente, em Minas, essa parte de visibilidade é muito aquém. Mas em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a gente joga só com ginásio lotado. Todo dia tem notícia na televisão, nos jornais. Acho que é uma defasagem que a gente tem no Estado de Minas Gerais e em Belo Horizonte. Depois que o Atlético deixou de competir, e a gente não tem muita concorrência no Estado, ficou um esporte sem tanta visibilidade”, afirma o goleiro Rafael Bianchini.

Além do mercado mineiro restrito, o técnico Paulo Cardoso, o Paulinho, acredita que, para uma maior difusão do esporte no país, falta organização.

“Acho que visibilidade o futsal tem. É um esporte que não é olímpico, mas é o segundo mais praticado no país, e em Minas Gerais é o mais praticado. Mas falta organização. Nós temos uma confederação que não tem credibilidade e uma Liga Nacional cujo maior feito foi comprar um piso que não é o ideal para se jogar futsal. A gente se preocupa muito com o ‘cadarço desamarrado’, em vez de pensar em coisas maiores. Faltam organização e credibilidade de quem gerencia o esporte”, analisa Paulinho.