A falta de uma legislação específica sobre o tema faz com que países importem cada vez mais a “matéria-prima” do futsal. Maior campeão mundial, com sete títulos, e berço da modalidade, o Brasil segue absoluto como o maior exportador de profissionais. Somente na Copa do Mundo deste ano – que começa no próximo sábado, dia 10, na Colômbia -, 25 brasileiros estarão atuando por outras seleções. Destes 22 são jogadores e três são técnicos.

07.09_brasileiros_mundial_6Os 25 brasileiros estão espalhados por seis equipes estrangeiras. São elas: Azerbaijão, Itália, Cazaquistão, Rússia, Ilhas Salomão e Espanha. Azerbaijão e Itália são os recordistas na importação de “brazucas”. Enquanto os italianos contam com sete jogadores nascidos no Brasil, a seleção do Leste Europeu tem seis atletas brasileiros naturalizados, além do técnico Miltnho, ex-Corinthians, como comandante.

A Itália tradicionalmente é um dos países que mais importa brasileiros no futsal. No Mundial de 2008, disputado no Brasil, todos os 14 convocados da Azzurra eram brasileiros naturalizados italianos. Quatro anos depois, na Copa do Mundo da Tailândia, o número de “brasucas” já caiu pela metade, estatística que se manteve neste Mundial. Remanescente da equipe italiana de 2012, o paulista Gabriel Lima conta como se deu o seu processo de naturalização.

– Cheguei na Itália com 16 anos. Meu avô é italiano e mora no Brasil desde 1948, portanto tenho uma ligação familiar muito grande com a Itália. Além de tudo isso, o país me recebeu muito bem e me deu a oportunidade de virar profissional. Em julho de 2005, um ano depois da minha chegada, eu já fui convocado para a seleção sub 21. Em nenhum momento duvidei ou me arrependi. Tenho muito orgulho de defender a Azzurra e poder ser o capitão deste time – disse Gabriel, 29 anos.

O Cazaquistão é outro reduto de brasileiros. Treinado pelo potiguar Cacau, o time conta com o goleiro Léo Higuita, o fixo Léo e os alas Everton e Douglas. Eleito o melhor goleiro do mundo em 2015 pelo site Futsal Planet, Higuita é carioca e mora no Cazaquistão desde 2009. Ex-atleta de Vasco e Cabo Frio, ele é a estrela maior da seleção cazaque que disputará a Copa do Mundo da Colômbia.

– A naturalização aconteceu com o tempo. Não foi uma coisa pensada logo no início. Como eu já tinha cinco anos de país e ainda não havia sido convocado pela seleção brasileira, pintou a proposta para me naturalizar, e eu nem pensei duas vezes. O Cazaquistão foi o país que me colocou na vitrine e me deu tudo o que eu tenho hoje no futsal. Tenho muito orgulho de vestir a camisa dessa seleção e eu amo o Cazaquistão de verdade – disse Higuita, que atua no Kairat.

Considerada uma das candidatas ao título mundial deste ano, a Rússia também tem brasileiros em seu elenco. São eles: o goleiro Gustavo, o fixo Rômulo e os pivôs Robinho e Eder Lima. No Mundial de 2012, eram cinco atletas nascidos no Brasil defendendo a seleção russa. Destes, os paulistas Pula e Cirilo não irão à Colômbia, o primeiro por opção técnica e o segundo por estar se recuperando de lesão. Robinho e Eder Lima disputarão o seu segundo Mundial, enquanto Rômulo fará a sua estreia na Copa do Mundo Fifa.

– Estou muito ansioso, porque será meu primeiro Mundial de seleções. Tivemos alguns problemas, perdemos Cirilo e nosso capitão por lesão, mas estamos focados em fazermos um bom Mundial. Não será um caminho fácil, mas confio muito na minha seleção – comentou Rômulo.

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Nascido em Fortaleza, Rômulo já viveu a estranha sensação de enfrentar o Brasil em um campeonato de seleções. Foi em 2013, quando brasileiros e russos decidiram o Grand Prix, em Maringá (PR), com vitória do país anfitrião nos pênaltis.

– Enfrentar o Brasil é difícil em qualquer campeonato. Já tive a sensação de jogar contra o Brasil na final do Grand Prix 2013 em Maringá e acredito que, caso nos encontremos novamente no Mundial e a Rússia vença, não ficarei marcado negativamente, mesmo porque tem muita gente no Brasil que agora torce para a Rússia – brincou o atleta.

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Maior rival do Brasil no futsal, a Espanha também conta com um brasileiro em sua seleção. Trata-se do pivô Fernandão, de 36 anos, que, inclusive, estava em quadra na finais dos Mundiais de 2008 e 2012, quando o Brasil derrotou a Espanha em ambas as oportunidades.

– Nossa expectativa para esse Mundial é das melhores. Estamos vindo de um título europeu, estamos com uma geração nova, cheia de vontade e vamos com tudo para brigar pelo título. Essa seleção é feita para ganhar, o time não foi montado para empatar ou perder. Enfrentar o Brasil para mim não tem nada de marcante, pois já me sinto espanhol há muito tempo e o público do futsal já me conhece – frisou o pivô.