Marcelo Regua/MPIX/CPB

Thiago Paulino compete
no Rio. Foto: Marcelo Regua/MPIX/CPB

O quinto lugar no arremesso do peso não era bem o resultado que Thiago Paulino sonhou. Apesar de não ter conseguido encaixar sua melhor técnica neste sábado, no Engenhão, o atleta da classe F57 não quis saber de lamentar. Além de pensar no próximo ciclo, ele também voltará um pouco suas atenções agora para a cidade de Cali, onde acontece o Mundial da Futsal da Colômbia. Sua torcida estará reforçada para o sucesso do Brasil, já que sua chegada na Paralimpíada do Rio de Janeiro passou por uma ajuda extremamente valiosa que recebeu do craque brasileiro da modalidade, Falcão.

– Falcão foi muito importante no momento que estava iniciando minha carreira no esporte. Ele me ajudou com a manutenção da minha prótese, a que usa até hoje. É um material caro. Me apadrinhou e ajudou bastante. Tenho só a agradecer. É um cara especial e iluminado. Espero que ele se saia melhor do que eu hoje – disse o atleta.

Neste sábado, a melhor marca alcançada por Thiago Paulino no arremesso do peso F57 foi 13,92m, que lhe valeu a quinta colocação. Ele chegou a estar levando a prata em determinado momento. O vencedor foi o chinês Guoshan Wu, que atingiu 14,42m. O segundo lugar ficou com o polonês Janusz Rokici, com 14,26m. E o iraniano Javid Shakib fechou o pódio com 14,13m.

Falcão nunca quis fazer alarde sobre sua boa ação, se promover ou algo parecido. Fato que foi bastante exaltado por Thiago logo depois ouro no arremesso de peso F57 e um bronze no lançamento de disco F51-5 no Parapan de Toronto, em agosto de 2015. Pouco após ajudar com a prótese em 2013, o Rei do Futsal foi conhecer o atleta. Resolveu ajudá-lo mais uma vez, dando todos os materiais necessários para que ele pudesse treinar em alto nível. Foi dessa forma que ele conseguiu se classificar para a competição no Canadá. Thiago é de Orlândia, cidade onde Falcão atuou por um bom tempo. Os dois se conheceram através do clube local.

Thiago também tem o futsal nas veias como a maioria dos habitantes da cidade e como o amigo Falcão. Na infância, quis ser jogador para um dia vestir a camisa do clube. Ainda garoto, foi treinado por ninguém menos que o técnico Cidão em uma escolinha da cidade. A amizade com o comandante, inclusive, foi um dos caminhos que levaram Thiago a passar a fazer parte do Orlândia como competidor do atletismo , expandido os investimentos do clube para além das quadras de futsal.

– Foi bacana. Falcão pediu para me conhecer. No papo, ele viu a prótese e perguntou se não estava atrapalhando. Falei que sim. No outro dia, mandou um assessor me procurar – lembrou.

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Thiago em ação no arremesso do peso. Foto: Marcelo Regua/MPIX/CPB

Thiago Paulino perdeu a perna esquerda em um acidente de moto em 2010, quando voltava de Ribeirão Preto (SP). Um carro fechou a moto do orlandino em uma rotatória de uma rodovia. O motorista causador do acidente fugiu. Na ocasião, o gigante de 1,90m e 116kg trabalhava como segurança na cidade vizinha. Ele descobriu o esporte paralímpico por recomendação do amigo. Desde então, acumulou inúmeras conquistas e competiu, em 2016, na sua primeira Paralímpiada. Agora, começa a projetar os próximos anos.

– Quinto lugar não foi de todo ruim. Passei por frustração com arbitragem também no Mundial. Acabou queimando meu melhor. Estou me adaptando ainda com a cadeira. Não dá tempo para ficar lamentando, ano que vem já tem Mundial -finalizou o atleta de 30 anos.