Eduardo Raicicki

Técnico Fabinho Gomes

Em sua terceira passagem por Francisco Beltrão, o técnico Fabinho Gomes, do Cresol/Marreco Futsal, quer agora chegar mais longe, tanto no Paranaense como na Liga Nacional. O comandante está à frente da equipe há 11 partidas, sendo uma derrota, sete vitórias e três empates.

Em 2008, Fabinho chegou no Beltrão Futsal e, depois de uma boa campanha no Paranaense, renovou para a temporada seguinte. Em 2009, montou um time muito bom, mas faltou dinheiro para o pagamento dos salários e os jogadores foram, aos poucos, saindo.

Em 2013, Fabinho voltou a Francisco Beltrão, agora para treinar o Cresol/Marreco. Mais uma vez conseguiu boa campanha e renovou para o ano seguinte. Em 2014, montou uma equipe que viria a ser semifinalista da Série Ouro, mas foi dispensado no meio do ano, o que ele diz ter sido sua maior decepção na carreira.

Mas Fabinho Gomes não baixou a cabeça. Pegou seu carro, foi para Bebedouro (SP) e passou uns dias com a família. Então recebeu oportunidade no Foz Cataratas, clube que levou para a semifinal do Paranaense ano passado.

Sua dedicação à profissão o trouxe novamente para Francisco Beltrão. De volta à Liga Nacional após seis anos, quando treinou o São Paulo FC, Fabinho quer surpreender e conquistar o tão sonhado título do Paranaense. Confira a entrevista que o treinador concedeu ao Jornal de Beltrão:

JdeB – Como foi o início da sua carreira?

Fabinho Gomes – Em 2003, eu morava em Bebedouro (SP), estudava Educação Física, e meu pai (Fábio Gomes) fazia parte da diretoria de um time de futsal da cidade. O treinador era amigo da nossa família e me convidou para fazer um estágio como preparador físico da equipe. Comecei no ramo dessa maneira. Fomos campeões da Taça EPTV de Futsal e conseguimos uma imagem boa nessa profissão. Em 2005, eu tive o convite da Intelli, de Orlândia (SP), mais especificamente do treinador Cidão, que me convidou para que eu pudesse fazer parte da comissão técnica da equipe. Eu fui e fiquei feliz pelo convite. Na Intelli, comecei como preparador de goleiro. Em 2006, a Federação Paulista obrigou os clubes a montarem um time sub-20 também, e foi aí que comecei minha carreira como treinador. A gente fez uma peneira, e nessa seleção surgiram alguns bons jogadores, dentre eles o goleiro Guitta, hoje na Seleção Brasileira. Depois, em 2007, tive a oportunidade como treinador da Intelli, no time principal, quando conseguimos chegar pela primeira vez em uma semifinal da Liga Nacional. Só então, em 2008, que eu vim pra Francisco Beltrão, conhecer o Paranaense. Voltei para o time de minha cidade (Bebedouro), fui para o Sertãozinho, voltei para treinar o Cresol/Marreco em 2013. Aí na metade de 2014, fui para o Foz Cataratas e agora estou voltando novamente para o Cresol/Marreco. Foram poucos clubes, mas com muito trabalho e dedicação em cada um deles.

JdeB – Você chegou a jogar futsal antes de ser treinador?

Fabinho – Profissionalmente não. Joguei em Bebedouro, mas na base. Nunca tive interesse também.

JdeB – Isso faz falta para você no convício com os jogadores?

Fabinho – Não, hoje não. Acho que a gente está no meio, já conhece. Eu sei jogar, é claro, mas o fato de não ter sido profissional nunca interferiu na minha vida profissional.

JdeB – Qual foi a maior emoção da sua carreira?

Fabinho – Foi em 2007, na Intelli. No fim do ano anterior, eu fui convidado para assumir o time profissional, pois fomos campeões estaduais sub-20, algo inédito até então para a equipe de Orlândia. Eu era muito novo, inexperiente, e na equipe tinha jogadores muito renomados. Por exemplo: o goleiro Greuto, Leandrinho, Marinho, Cabreúva, Flávio, Goda, entre outros. E a gente tinha uma amizade, pelo meu trabalho no sub-20. Quando recebi o convite, três atletas foram fundamentais na minha decisão, o Goda, o Marinho e o Leandrinho. Foram três pessoas que me abraçaram e me deram coragem para aceitar o desafio. O Cabreúva, que hoje é um dos grandes nomes do futsal brasileiro, também veio me ajudar. E a gente conseguiu chegar na semifinal da Liga Nacional, pela primeira vez na história da Intelli, e no meu primeiro ano como treinador. O mata-mata foi contra o Jaraguá do Falcão, ganhamos a primeira em São Paulo e perdemos as outras duas. Foi, sem dúvida, a minha maior emoção profissional.

JdeB – E qual foi a maior decepção?

Fabinho – Foi a minha saída do Cresol/Marreco em 2014. Eu não esperava, foi uma situação muito ruim. Eu quase desisti dessa minha carreira. Algumas pessoas especiais na minha vida não deixaram isso acontecer. E hoje agradeço a essas pessoas. Eu vim em 2013, fizemos uma boa campanha. E a diretoria me deu o apoio de montar a equipe no ano seguinte. Quando contratei os jogadores, tinha certeza que chegaria numa semifinal. E estávamos bem, mas por causa de um empate em 0 a 0 em casa contra Paranavaí, não ficamos entre os quatro melhores da primeira fase, que era o nosso objetivo. E houve mudanças dentro da comissão técnica, a supervisão, sendo mais claro. Na sequência, perdemos de 2 a 1 em Marechal, um resultado absolutamente normal. Tínhamos uma folga de alguns dias e liberamos os atletas, mas sempre conversando com a diretoria. Fui pra casa, mil quilômetros de distância. Quando voltei, na minha chegada no treino, nem tive a oportunidade de dar o treino. Fui chamado e fiquei sabendo que estava dispensado. Mas não levo mágoa, não tenho rancor, só tenho que mostrar dentro de quadra. Se eu não fosse bem-vindo, não estaria aqui hoje. Tenho muita gratidão pela diretoria, mais especificamente pelo Míssio (Ademilson Arendt), pelo Ivo Dolinski (presidente), pessoas novas que conheci esse ano também.

JdeB – E o jogo mais emocionante da sua vida?

Fabinho – Olha, vou falar de um jogo de poucos dias atrás. Lá em Tubarão, a gente estava perdendo por 3 a 0, não tínhamos vitória fora de casa na Liga, e muitos imaginara que poderíamos ser goleados novamente, assim como contra a Intelli e Assoeva. E depois de um pedido de tempo, a gente pediu para que os jogadores colocassem a cabeça no lugar para buscar o resultado. Os meninos tiveram muita personalidade, comprometimento e paciência. Acreditaram até o fim e a vitória por 4 a 3 veio no final.

JdeB – No futsal, quem seria a sua inspiração como técnico?

Fabinho – Eu sou muito grato hoje a duas pessoas: o Adrilei, meu compadre, com quem comecei a carreira, e o Cidão, da Intelli, que me deu a maior oportunidade da minha vida. Hoje eu sou esse treinador de futsal por causa dessa passagem por Orlândia. Agradeço a esses dois. O meu melhor amigo no futsal hoje é o Banana, técnico do Guarapuava, uma pessoa fantástica, que eu respeito e admiro. E não posso esquecer também do Paulo Mussalém (Atlântico), que me dá várias dicas e eu chamo ele de mestre. E agora vou ter oportunidade de enfrentar ele na próxima terça-feira, no Arrudão. Vai ser um prazer muito grande.

JdeB – Quem é o seu principal ídolo?

Fabinho – Meu pai, com certeza. Todos sabem a emoção que eu tenho quando falo dele. Ele que me apoia, escuta todos os jogos. Tive o prazer de ter a companhia dele no jogo em São José e foi muito bom. Tenho que agradecer ao meu pai por me cobrar e me apoiar sempre. Estou sempre na batalha pra trazer grandes alegrias também para minha família.

Ficha técnica

Nome: Fábio da Silva Gomes Filho (Fabinho)
Data de nascimento: 11/3/1980
Local: Bebedouro (SP)
Clubes: Intelli (SP), São Paulo/Bebedouro (SP), Sertãozinho (SP), Beltrão Futsal (PR), Foz Cataratas (PR) e Cresol/Marreco Futsal (PR)