Atleta multicampeão, um dos mais premiados e reconhecidos da sua modalidade, com anos de seleção brasileira. A receita, em tese, teria tudo para garantir não só uma carreira de sucesso, mas também uma aposentadoria tranquila. Não é assim, porém, que pensa o capitão do Magnus e da seleção brasileira da modalidade, Rodrigo.

Aos 37 anos, o fixo aproveitou uma bolsa para voltar a estudar e dar início ao curso superior em educação física. Segundo o atleta, que hoje concilia a vida acadêmica com os treinos e jogos, as dúvidas sobre o pós-carreira e a oportunidade inesperada geraram o gatilho necessário para aderir ao curso.

– Nunca tinha parado para pensar em fazer uma faculdade antes, mas agora, no quarto final da carreira, a gente começa a pensar no que vai ser depois. Apareceu uma oportunidade legal e vi que era a hora. No ano passado, os melhores da liga ganharam uma bolsa de estudos na faculdade. Todo mundo batalha para pagar uma faculdade e eu ganhei uma bolsa, então era o gatilho que eu precisava para mais um desafio.

 

Guilherme Mansueto

Multicampeão pelo Sorocaba e pela Seleção, Rodrigo retoma os estudos na reta final da carreira para garantir futuro. Foto: Guilherme Mansueto

O “Capita”, como é conhecido, afirma que a carreira de atleta profissional no futsal, por si só, não garante estabilidade e, por isso, mesmo em um momento em que o jogador ainda vive o auge – Rodrigo concorreu ao prêmio de melhor do mundo na modalidade na última temporada -, é fundamental criar alternativas para o momento da aposentadoria.

– No nosso esporte é fundamental o pós-carreira, pois a verdade é uma só. São poucos os atletas que vão conseguir viver de aplicações, rendimentos futuros ou algo do tipo. Eu consegui meu apartamento, meu carro, uma vida legal, só que vou ter que trabalhar muito quando parar. O futsal não deixa o cara tranquilo após a carreira. É claro que se eu tivesse esse pensamento lá atrás, eu poderia estar muito mais tranquilo, mas acho que vale à pena estudar e ter um planejamento pós-carreira, já que vemos tantos ídolos do futsal que passam necessidade, poderiam estar mais tranquilos e estão tendo que correr atrás agora.

Com a vida movimentada dentro e fora de quadra, Rodrigo revela que aproveita as brechas das viagens e estadias em hotéis para dedicar um tempo aos estudos, na modalidade à distância. Além dos treinos e jogos, o Capita tem um empreendimento esportivo em Sorocaba, no qual o próprio jogador conduz as atividades administrativas ao lado da esposa.

Guilherme Mansueto

Em meio a jogos e treinos, Capita aproveita tempo livre durante viagens e estadia em hotéis para se dedicar ao curso superior de educação física. Foto: Guilherme Mansueto

E enquanto espera poder utilizar os conhecimentos aprendidos no curso futuramente dentro do seu empreendimento, Rodrigo ainda projeta mais pelo menos três ou quatro anos de carreira profissional dentro do futsal para, só então, se dedicar exclusivamente à atividades fora das quatro linhas.

– Completei 37 anos, as pessoas olham a idade e esquecem o que o cara está entregando dentro de quadra. Eu estou entregando em alto rendimento ainda, não vou deixar ninguém parar comigo, tenho a cabeça boa para isso. Esse será o último ano que vou estar à disposição da seleção brasileira e no time penso em mais três anos, fechar com uns 39 ou 40. Acho que vou estar muito bem e em alto rendimento ainda.