Capitão Vitor está em seu segundo ano como jogador do Minas

Capitão Vitor está em seu segundo ano como jogador do Minas. Foto: Capitão Vitor está em seu segundo ano como jogador do Minas

A apresentação da equipe de futsal do Minas para a temporada 2020 foi marcada para o dia 6 de janeiro. Jogadores e comissão técnica trabalhavam forte, com treinos técnicos, táticos e físicos. Em fevereiro, os comandados do técnico Peri Fuentes participaram da 3ª Copa Três Coras de Futsal, no Rio Grande do Sul, torneio amistoso e preparatório para a disputa da Liga Nacional de Futsal (LNF). O título não veio, mas a equipe, que manteve a base de jogadores da última temporada, mostrava grandes sinais de evolução.

O início da busca pela inédita conquista do troféu da LNF (o melhor resultado do Minas foi o vice-campeonato na temporada de 2002) estava marcado para o fim de março. Porém, os planos para a maior competição do futsal brasileiro foram adiados. Tudo devido ao avanço da Covid-19, classificada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dessa forma, a rotina dos atletas do futsal minastenista foi afetada. No combate ao inimigo invisível, o isolamento social passou a ser uma realidade. Os treinos passados pela comissão técnica começaram a ser feitos em casa, e reuniões virtuais diárias estão na agenda dos jogadores. Tudo pensado para minimizar os efeitos das medidas tomadas para evitar o aumento do número de contaminados pelo vírus.

Capitão do futsal do Minas, o fixo Vitor defende as cores do Clube pelo segundo ano seguido. Aos 29 anos, o jogador é casado com Joyce, de 30. Os dois passam a quarentena em Belo Horizonte, junto com a filha Maria Laura, de apenas dois anos. Na Entrevista da Semana, o camisa 17 falou sobre a temporada adiada, as atividades do futsal durante a pandemia, o que faz para relaxar e o papel que tem na equipe.

Assessoria Minas

Jogador minastenista atento às orientações do técnico Peri Fuentes. Foto: Assessoria Minas

 

Assessoria de comunicação – Onde você e sua família estão passando o período da quarentena?

Vitor – Eu resolvi passar a quarentena aqui em Belo Horizonte. Eu sou de Aracaju, no estado de Sergipe, mas eu decidi ficar aqui em BH, até por uma decisão de segurança, de saúde. Nós temos muitos parentes idosos e optamos por não arriscar uma viagem sem saber como a situação iria ficar por lá.

 

Assessoria de comunicação – O que tem sido mais difícil neste período?

Vitor – O mais difícil é a angústia, por não saber quando as coisas irão voltar ao normal. A gente está em casa sem ter a certeza de quando vai poder voltar a trabalhar. Acho que isso é o que tem sido mais difícil.

 

Assessoria de comunicação – A comissão técnica tem acompanhado os atletas pela internet, com treinos, avaliações e reuniões. É possível descrever como é se preparar para uma temporada que ainda não tem data definida para começar?

Vitor – Diante de uma situação atípica como essa, em que tudo é muito incerto, não sabemos o que vai acontecer, a única certeza que nós temos é que não dá para parar, porque, quando as coisas normalizarem, não teremos tempo para uma pré-temporada, como fazemos normalmente no início do ano. Temos feito, em casa, treinos diários, desde o início da quarentena, do isolamento social. As reuniões virtuais são de grande ganho intelectual, porque discutimos muitas coisas de dentro e de fora do jogo. Estamos conversando com grandes nomes do futsal e isso tem nos ajudado bastante. Apesar de ser uma preparação “no escuro”, porque você não sabe quando vai voltar, temos a certeza de que estaremos bem preparados quando tudo voltar. Com tudo o que a gente tem feito, tenho certeza que nada será em vão. Não perderemos, de forma alguma, o que estamos fazendo. Os treinos passados pelo Rodrigo (Santiago, preparador físico), pelo Felipe (Pereira, fisioterapeuta) e as reuniões diárias vão nos ajudar bastante lá na frente.

 

Assessoria de comunicação – O que você tem feito para relaxar?

Vitor – Eu tenho meditado. Eu não tinha esse hábito da meditação, mas procurei adquirir agora. Estou gostando muito, tenho meditado quase todo dia. Estou lendo muitos livros, assistindo filmes, séries, brinco com minha esposa e minha filha, ouço música. Estou também aproveitando para ver alguns jogos meus, antigos, para dar uma avaliada, pensar um pouco melhor no jogo.

 

Assessoria de comunicação – O isolamento permite que as pessoas revejam conceitos e atitudes. Você fez esse exercício?

Vitor – Eu tenho aprendido muito. Eu fiz uma autoanálise da vida, em um todo, e tenho aprendido bastante. Principalmente ouvir, a ter empatia, a entender que eu não preciso de muito para ser feliz. Estar bem, saudável, com minha filha, minha esposa, meus familiares estando bem… isso já vale muito, a gente não pode ter o controle de tudo. Nós não temos o controle de tudo, acreditamos que somos os donos da razão. Aí, de repente, vem um vírus, que nem conseguimos ver, e muda toda a sua vida. Você se vê com mãos atadas, com muitas notícias ruins na TV. Às vezes, queremos trabalhar demais, ter uma remuneração maior e fica trabalhando e trabalhando, esquecendo de olhar para o lado e ver as coisas de forma mais simples. Parece meio clichê, mas é real. Hoje, eu tenho mais tempo para brincar com minha filha e eu vejo o quanto isso me faz bem. Essa pausa obrigou todo mundo a fazer uma autoanálise. Quem não fizer, com certeza, vai ficar para trás. O mundo não vai ser o mesmo depois dessa pandemia. É olhar para o outro, ter empatia, se preocupar com os problemas do outro. É nisso que eu tenho pensado.

 

Assessoria de comunicação – Qual era a sua expectativa para a temporada atual da Liga, já que o Minas vinha para o segundo ano com a base mantida?

Vitor – A expectativa era muito grande para este ano. A nossa equipe evoluiu bastante do ano passado para 2020. Isso era notável nos treinos. Falo da questão do entrosamento, de entender a filosofia de trabalho, de entender o pensamento do treinador e da comissão. É claro que continuar com uma base grande de jogadores, de um ano para o outro, facilita muito. E nossa expectativa era muito grande, tínhamos objetivos maiores neste ano. Infelizmente essa sequência foi quebrada, devido à pandemia. Mas esperamos retornar no patamar onde estávamos. E, é claro, com os treinos a gente está bem próximo disso. Quando a Liga começar, acho que estaremos bem focados e preparados. A pausa fez com que a gente se conectasse ainda mais, valorizasse ainda mais o trabalho e os treinamentos.

 

Assessoria de comunicação – Como você encara o fato de ser o atleta mais experiente do grupo, uma referência aos mais novos?

Vitor – Com naturalidade. O fato de ser o mais velho e capitão me faz, automaticamente, ter o respeito deles. Mas não é isso que eu procuro, eu nunca procurei. Em todos os lugares que eu passei e fui capitão, não era isso que eu buscava, o respeito por ter a braçadeira ou por ser mais velho. Em todos os lugares que eu passei, isso foi conquistado. Sempre me coloquei no lugar do outro, procurei ouvir o outro, saber o que se passa com o cara que está ao seu lado diariamente, mostrar o caminho, porque, por ter passado por alguns problemas, eu posso ajudar. Procuro mostrar também que a vida não é feita só de acertos, porque eu não sou perfeito, não faço de questão de ser. A vida me ensinou a ser assim, porque ela é feita de acertos e de erros, e nós temos que procurar evoluir. E o que eu tento passar para eles é isso. Eles podem ter muito êxito no trabalho deles, ou em qualquer outra área, se eles se entregarem por inteiro.

 

De bate pronto…

 

Uma música…

AmarElo, do Emicida. Essa música é muito boa.

 

Um ídolo no esporte…

Vinícius, capitão da seleção brasileira campeã mundial de futsal.

 

Uma comida…

Uma feijoada, bem-feita, não tem comida igual.

 

Um lugar…

Salvador, na Bahia. Eu sou apaixonado por aquela cidade.

 

Uma frase…

Nunca fui muito ligado em frases, não costumo ter uma frase que seja uma referência. Mas acho interessante lembrar que aquele que não luta pelo o que quer, deve aceitar qualquer resultado que vier.

 

Um sonho…

Tenho o sonho de ajudar o maior número de pessoas que eu conseguir. Não só financeiramente, mas crianças, que são do mesmo lugar que eu era, têm as mesmas condições que eu tinha, que elas possam realizar o sonho delas. Esse é o sonho que eu tenho alimentado nos últimos tempos.

Assessoria Minas

Vitor em treinamento na Arena MTC. Foto: Assessoria Minas