Em março passado, o mundo era assolado com a notícia da pandemia do Coronavírus. Os impactos trágicos são conhecidos diariamente através do número de vítimas de um ano da doença. Para os clubes de futsal, o cenário totalmente novo em 2020 se repete agora no início da temporada 2021. Enquanto todos aguardam o avanço da vacinação, os profissionais da área de preparação física se reorganizam para que os aprendizados de uma rotina não tão nova assim sejam novamente colocados à prova.

Em vários estados, determinações dos órgãos de saúde e de governo obrigaram a suspensão dos treinos coletivos. Equipes que iniciaram a pré-temporada em fevereiro tiveram que remanejar o cronograma de atividades, como é o caso dos paranaenses.

Marcos Pi

Raphael Martins é o preparador físico do Cascavel. Foto: Marcos Pi

“A perspectiva era positiva, pois o cenário mostrava que não teríamos interrupções como houve em 2020. Infelizmente, após a quarta semana de preparação fomos surpreendidos com a onda de covid novamente. Retomamos os treinamentos online e é claro que isso vai ter um impacto, mas a gente busca alternativas para suprir a necessidade de ter os treinamentos em quadra ou em sala de musculação”, explica Raphael Martins, preparador físico do Cascavel.

O trabalho dos preparadores conta com a ajuda de outros profissionais de uma comissão técnica. Montar a semana de treinamentos e distribuir a carga de intensidade são elementos a serem discutidos, principalmente em uma condição que requer maior atenção.

Campo Mourão

Pedro Machado é o preparador físico do Campo Mourão. Foto: Campo Mourão

“Nossa estratégia, em conjunto com a fisioterapia preventiva, é ter um trabalho de prevenção e condicionamento geral, mas com complementos e intervenções individuais de acordo com as respostas que os atletas apresentam nos testes e controles que temos”, relata o preparador do Campo Mourão, Pedro Machado. O calendário do ano passado foi praticamente todo encaixotado na segunda metade do ano. Para este, a tendência é de menor arroxo e um período maior de recuperação entre uma partida e outra.

“Ano passado foi muito desafiador. Nos obrigou a concentrar todas as competições no segundo semestre, no intervalo de agosto a dezembro. Uma realidade com até quatro jogos em uma semana, situação humanamente impossível de manter qualquer tipo de performance. Foi uma experiência amarga, mas com lições para o futuro”, conta Ronaldo Germano, responsável pela preparação do Marreco, que traz à tona uma outra preocupação em quem tem a responsabilidade de deixar os jogadores aptos para a exigência de treinos e partidas que se avizinha.

Adolfo Pegoraro

Ronaldo Germano é o preparador físico do Marreco. Foto: Adolfo Pegoraro

“Aqui, o clube renovou 70% o número de atletas e o grande desafio será encontrar o balanço entre os novos e os remanescentes. Outro desafio é a sequência de jogos que vem pela frente. A pandemia deve perdurar e até lá vamos ter que conviver com atletas contaminados eventualmente. A falta de vacina nos preocupa também”, completa.

A realidade do Marreco se assemelha com a do Campo Mourão. O início de temporada é o período em que os preparadores recebem jogadores de diferentes procedências e lastros físicos após as férias. Dentre outros fatores, a pré-temporada é o momento de tentar colocar o grupo em igualdade de condições.

“Temos jogadores em diferentes estágios, temos os atletas que são remanescentes da temporada passada, outros que disputaram muitas partidas entre estadual e LNF em poucos meses, e ainda os que jogaram apenas estadual e, portanto, tiveram menos carga e menor nível de desgaste”, observa Machado.

O mês de março aponta o triste aniversário da chegada da covid-19 no Brasil. Ao mesmo tempo em que as consequências da pandemia são avaliadas, saber o que fazer de posse da realidade é um sopro de controle diante de um inimigo invisível. Vencer o vírus é uma vitória difícil de comemorar, tamanha a tragédia já exposta, mas superar as dificuldades é algo que não é novidade para quem vive do futsal no Brasil.

Em 2021 a LNF será dividida em três grupos, de acordo com a classificação dos times na primeira fase da competição em 2020. Embora não regionalizada, como ano passado, o formato diminui o número de partidas e reduz os riscos em deslocamentos.

“Será novamente atípico, mas podemos ter uma visão positiva na chave e com nível alto na competição. É o que esperamos”, conclui Raphael Martins.