Luís Henrique Silveira Couto pode ser considerado uma verdadeira lenda do futsal brasileiro. Campeão do Mundo pelo Brasil em 1996, o goleiro Bagé, como é conhecido por carregar o nome da cidade onde nasceu no Rio Grande do Sul, segue atuando profissionalmente aos 54 anos de idade. E sem previsão de aposentadoria.

Bagé tem 37 anos de carreira, sendo contemporâneo da geração de Vander Iacovino, mas presenciando dentro de quadra nomes como Vinicius, Falcão, Lenísio, Fininho, Schumacher, entre outros grandes nomes do futsal brasileiro.

– Sempre fui predestinado a treinar, quando comecei na minha escola em Bagé participava de todos os esportes. Pretendo jogar ano que vem, vou jogando. Vamos jogando até quando der – disse Bagé, em entrevista exclusiva ao ge.

Bagé soma um título da Liga Nacional de Futsal, conquistada em 2005 com Falcão no Jaraguá, além de sete brasileiros, cinco gaúchos, três paulistas, dois catarinenses, três mundialistos de seleções, quatro Copas América e uma Copa do Mundo. O título que o goleiro almeja agora é o de jogador de futsal mais velho em atividade.

Guilherme Mansueto

Bagé em confronto contra Falcão; rei do futsal aposentou em 2018. Foto: Guilherme Mansueto

Segredo da longevidade: alongamentos

Bagé diz não sofrer com dores musculares. Ao longo das quase quatro décadas como goleiro profissional, nenhuma lesão séria. Segundo ele, o segredo é uma técnica aprendida ainda quando atuava no futsal do Grêmio, compartilhando momentos com jogadores do futebol profissional na época, como Renato Gaúcho.

– No Grêmio acabei aprendendo a importância do alongamento. Desde então, acabei levando essa técnica comigo. Nunca tive lesões graves, apenas luxações que são comuns em goleiros e sempre fui aficcionado por treinar. Isso foi me dando a longevidade, tenho um bom biotipo e com alimentação foi essencial. Faço também um trabalho na coluna para sempre me manter bem – explica Bagé.

O Falcão conheceu minha mãe, que tem 98 anos e está lúcida. Quando ele a viu, disse que tava explicado o porque de ainda estar jogando e que iria até uns 69 anos assim”

Guilherme Mansueto

Bagé em confronto contra Falcão; rei do futsal aposentou em 2018. Foto: Guilherme Mansueto

Além de atuar como goleiro, Bagé é treinador dos colegas de posição na AABB, comandando os treinos do time profissional e das categorias de base do clube da capital paulista, que defende há 21 anos.

– Treino junto com eles e sempre falo que enquanto conseguir treinar, fazer os exercícios, vou conseguir seguir jogando. Muitas vezes, o que tu faz nos treinos não faz nos jogos. A experiência acaba lhe posicionando melhor, quando você é mais jovem acaba caindo mais, agora você se posiciona melhor e evita o choque – disse.

Arquivo Pessoal

Bagé com a taça de campeão do mundo pela seleção em 199. Foto: Arquivo Pessoal

O desejo de Bagé é colocar na estante da casa o último grande troféu da carreira: o de jogador mais velho a atuar profissionalmente no futsal. Mas para conseguir figurar na lista do Guinness World Records, o veterano terá de desembolsar pelo menos € 15 mil (R$ 94,6 mil).

– A última vez que meu filho fez um levantamento, eu era o mais antigo do mundo jogando em alto rendimento. Eles me pediram um valor, na época 15 mil euros, para virem e fazer todo o levantamento para a validação no livro – explica Bagé.

Aos 54 anos e seis meses mais velho que o brasileiro, o japonês Kazu segue atuando profissionalmente no futebol. Na última edição do Guinness Book, o egípcio Ezzeldin Bahader, aos 75 anos, estabeleceu o recorde de jogador mais velho do mundo em atividade. O recorde de Bagé, porém, se restringe ao futsal.

Apesar da idade, Bagé não é o brasileiro mais velho a ter atuado profissionalmente no futsal. Em 2018, o paraense Roberto Martins, aos 65 anos, atuou por cinco minutos pelo Belém, time em que também é presidente, em partida contra o São José pela Liga Nacional de Futsal.