A Itália é o país que com maior números de mortos pelo novo coronavírus, com quase 5 mil vítimas fatais. Situação esta que poderia ter sido amenizada ainda no início da pandemia. O relato é do jogador de futsal do Mantova, o brasileiro Wesley Bocão. O fixo com passagens por Corinthians, São Paulo e Praia Clube, disse que os italianos achavam que era “apenas uma gripe”.

Disputando a oitava temporada da carreira na Liga Italiana, Bocão afirma, com certeza, que essa é a mais complicada. A competição está parada desde o dia 22 de fevereiro, data da última partida. Assim que foi possível, retornou ao Brasil, cumpriu as recomendações de isolamento e quarentena e tenta levar uma rotina de atleta com treinos em casa.

– A temporada ocorria normalmente quando o vírus apareceu na China, jamais imaginaria que o vírus ia tomar essa proporção mundial. Quando houve o primeiro caso na Itália, muitos pensavam que não ia ser nada, porque na cabeça de muitas pessoas era apenas uma gripe. Foram passando os dias e os casos foram aumentando. A partir daí, a prefeitura da cidade/região (Mantova) onde estava morando começou a fechar os ginásios, restaurantes, teatros, locais públicos, e pedir máxima atenção com o vírus, porque era uma coisa muito séria. Seguindo as ordens do governo, passamos a ficar em casa e sair somente em caso de necessidade, como mercado, farmácia ou hospital – relatou o jogador de 30 anos.

Quarentena no Brasil

Com o campeonato paralisado, o clube orientou que os atletas deixassem a Itália assim que possível. Há mais de três semanas no Brasil, o fixo manteve a quarentena com a família em Guarulhos, São Paulo, e depois foi para Uberlândia, Minas Gerais, para ficar ao lado da esposa Ananda, jogadora de vôlei do Praia Clube, time da cidade mineira.

– Nos primeiros dias de isolamento eu estava mais preocupado e apreensivo, tinha receio de ter algum sintoma. Agora já passei pelo período orientado, mas continuo dentro de casa, evitando lugares públicos e continuando com os cuidados. Depois de um tempo seguro, vim para Uberlândia ficar com a Ananda. Os médicos pedem para permanecer 14 dias em “quarentena”, eu já estou há mais tempo que isso dentro de casa, mas sigo aqui porque a situação no Brasil também pede isolamento – explicou.

Em Uberlândia, além dos cuidados e do autoisolamento, Wesley Bocão adotou uma rotina de treinos em casa por contra própria para manter a forma física. No início, muita atenção também com a esposa Ananda, que estava na disputa da Superliga Feminina de vôlei, competição esta que também foi encerrada pela Confederação Brasileira de Voleibol na última quinta-feira. O casal, agora, treina junto em casa.

– Quando encontrei a Ananda, já tinha passado um tempo, então foi mais tranquilo. No início dormíamos em quartos separados para evitar maiores problemas. Agora já voltamos a rotina normal de casal, mas seguimos em casa, cumprindo com nosso papel de cidadão. Tenho seguido uma rotina de treinamos dentro de casa, por ser atleta e também porque a temporada ainda pode voltar e preciso manter meu condicionamento físico – disse Bocão.

Foto Divulgação

Bocão deixou a Itália, o epicentro do coronavírus e agora treina no Brasil. Foto: Foto Divulgação

O futuro segue indefinido, mas Bocão explicou que uma reunião no dia 3 de abril definirá o futuro do Liga Italiana de futsal. O jogador, no entanto, acredita no fim da temporada.

– São oito temporadas na Itália e, com toda certeza, essa é a mais complicada. Acho que nunca passou pela cabeça de ninguém que um vírus pudesse paralisar o mundo. É isto que está acontecendo. Espero que as coisas sejam resolvidas o mais rápido possível na Itália e no mundo, para que a vida dos todos possa voltar ao normal.