O ano de 2018 marcou o fim de um reinado. Considerado o maior jogador de futsal de todos os tempos, Falcão retirou-se das quadras para a tristeza de fãs e adeptos pela modalidade que tanto divulgou. Profissional desde a metade dos anos 90, Falcão conquistou todos os títulos possíveis no futsal, com destaque para duas Copas do Mundo Fifa (2008 e 2012), 11 edições do Grand Prix, dois Mundiais Interclubes (2016 e 2018) e nove edições da Liga Nacional de Futsal. Relembre 12 atos da carreira do camisa 12:

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Falcão na época de Corinthians. Foto: Divulgação

O início de tudo

O primeiro clube de Falcão foi o AACC Guapira, da Zona Norte de São Paulo. Após demonstrar muita habilidade na modesta equipe em 1991, ele chamou a atenção do Corinthians, que o levou no ano seguinte. No Parque São Jorge, Falcão foi campeão paulista adulto em 1995 com apenas 18 anos. Após jogar a Liga Nacional de 1996 pelo Timão, ele tomou o rumo da GM/Chevrolet no ano seguinte.

Falcão é seleção

Em 1998, Falcão foi convocado para a seleção pela primeira vez, iniciando o seu reinado com a amarelinha. A convocação foi coroada com o título da Copa América daquele ano, em Joinville (SC). Na final, a equipe brasileira aplicou uma sonora goleada por 9 a 1 no Paraguai. Nos 20 anos que serviu a seleção, Falcão conquistou 28 títulos e marcou 401 gols.

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Falcão fez dupla campeã nacional com Manoel Tobias no Atlético-MG. Foto: Divulgação

Brilho no Galo

Após duas temporadas na GM Chevrolet, Falcão chegou ao Atlético-MG em 1999. No Galo, o camisa 12 formou uma das melhores equipes de todos os tempos ao lado de Manoel Tobias, Índio, Cacau e Lenísio. Com uma campanha impecável, o Galo foi campeão da Liga Nacional de Futsal daquele ano. Foi o primeiro dos nove títulos de Falcão na LNF.

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Craque beijando a taça do Mundial de 2012. Foto: FIFA

O melhor do mundo

Em 2000, na Guatemala, Falcão teve sua primeira participação em Copas do Mundo, ficando com o vice-campeonato. Quatro anos depois, Falcão levou a sua primeira Bola de Ouro Fifa após o Mundial de Taiwan, no qual o Brasil terminou em terceiro. Ainda em 2004, o camisa 12 foi eleito o melhor jogador do mundo na Agla Futsal Awards, a prestigiada eleição do site Futsal Planet. Ele ainda faturaria este último prêmio em 2006, 2011 e 2012.

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Camisa 12 marcou seu nome na história do Jaraguá. Foto: Divulgação

Reinado em Jaraguá

Em 2003, Falcão foi atuar no Jaraguá onde iniciou um longo reinado, que incluiu os títulos da Liga Nacional em 2005, 2007, 2008 e 2010, as Libertadores de 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009 e as edições de 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008 da Taça Brasil de Clubes. O camisa 12 deixou Jaraguá do Sul (SC) em 2010. Seu destino foi o Santos.

Ouro no Pan

Durante a passagem pelo Jaraguá, Falcão viveu um momento histórico pela seleção. Em 2007, o futsal foi incluído pela primeira e única vez nos Jogos Pan-Americanos. E o Brasil não vacilou ao conquistar a medalha de ouro. O adversário na final foi a arquirrival Argentina. Na decisão, Falcão marcou duas vezes – um deles um golaço com direito a lambreta no goleiro – na vitória por 4 a 1.

A consolidação do reinado

Cobrado por ainda não ter ganho a Copa do Mundo, Falcão foi à forra em 2008, quando faturou o Mundial no Maracanãzinho, no Rio, com direito à sua segunda Bola de Ouro. Assim como em 2000, o rival na final foi a Espanha. Após empate em 2 a 2, o jogo foi decidido nos pênaltis, com vitória brasileira por 4 a 3. Falcão marcou 15 gols naquele Mundial, ficando atrás apenas do brasileiro naturalizado Pula (16) na artilharia.

Ricardo Artifon

Falcão é o maior ídolo do futsal brasileiro. Foto: Ricardo Artifon

O gol de peito

Campeão do Grand Prix de Futsal em 11 oportunidades, Falcão viveu o seu momento mais mágico na competição em 2011. Na ocasião, Brasil e Rússia decidiam o torneio em Manaus. Após empate em 1 a 1 no tempo normal, o jogo foi à prorrogação. Quando a final se encaminhava para ir para os pênaltis, Falcão fez uma jogada genial, surpreendendo o goleiro russo com uma conclusão de peito.

Fazendo história em Orlândia

Após um ano no Santos, pelo qual foi campeão da LNF pela sexta vez, Falcão foi contratado pelo Orlândia. Ao chegar ao interior paulista de helicóptero, parou a cidade para uma grande festa. Com a camisa alvigrená, o camisa 12 foi campeão da Liga Nacional em 2012 e 2013. Em 2013, inclusive, marcou de cabeça o gol do título em final contra o Concórdia-SC.

A paralisia facial

O ano de 2012 talvez tenha sido o mais marcante da carreira de Falcão. Além do título da LNF pelo Orlândia, o craque chegou à sua segunda conquista de Copa do Mundo. O troféu na Tailândia foi obtido em meio a um grande drama. Acometido por uma paralisia facial de fundo nervoso, Falcão atuou no sacrifício nos três últimos jogos. Nas quartas de final contra a Argentina, saiu do banco de reservas para marcar dois gols na virada por 3 a 2. Após a vitória, Falcão caiu em prantos em plena quadra com o rosto levemente desfigurado numa imagem eternizada.

Guilherme Mansueto

Emoção tomou conta do Falcão após o título mundial de clubes esse ano. Foto: Guilherme Mansueto

A Era Sorocaba

Mesmo com o sucesso em Orlândia, Falcão decidiu mudar de ares em 2014 e montar o seu próprio projeto, onde pudesse ser jogador e gestor ao mesmo tempo. A cidade escolhida foi Sorocaba. Logo no primeiro ano de existência, o time sorocabano foi campeão da LNF, batendo, ironicamente, o Orlândia na final. O Sorocaba ainda conquistaria a Liga Paulista em 2014 e 2017, a Libertadores em 2015, e o Mundial Interclubes em 2016 e 2018. Com a aposentadoria das quadras, Falcão segue apenas na função de gestor.

Ricardo Artifon

Falcão marcou mais de 400 gols pela Seleção Brasileira. Foto: Ricardo Artifon

Retirada em grande estilo

Falcão vinha amadurecendo a ideia de se aposentar desde 2016, quando jogou a sua última Copa do Mundo. Naquele Mundial, inclusive, o Brasil foi eliminado pelo Irã nas oitavas de final. Ao verem a desolação do brasileiro, os jogadores iranianos o jogaram para o alto para reverenciá-lo. Em seus últimos atos pela seleçao, Falcão ainda ultrapassou a marca dos 400 gols com a camisa do Brasil – ele encerrou a carreira com 401, sendo reconhecido como o maior artilheiro de seleções de esportes ligados ao futebol.