A máxima de que o goleiro é aquele que mais sofre no futebol não deixa de ser verdadeira também no futsal. O piso duro, a bola pesada e a velocidade do jogo são algumas das circunstâncias que quem escolhe exercer a função está acostumado a passar. A pandemia do coronavírus alterou a rotina de todos e a do goleiro em especial. Preparadores de goleiros e os próprios profissionais da área estão buscando se reinventar no período ainda longe das quadras.

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Igor, preparador de goleiros do Pato. Foto: Divulgação

“Eu, junto com a fisioterapia e preparação física, decidimos focar na parte física e quando retornarmos, acho que em 15 dias conseguimos recuperar a parte técnica”, conta Igor, preparador do Pato.

Aos poucos, em algumas cidades, o isolamento social vem tendo menores restrições, o que em algum momento poderá atingir os treinos do futsal. Até agora as atividades estão longe da normalidade, como relata Fred, preparador do Jaraguá e da Seleção Brasileira.

“Estamos trabalhando com treinamentos em grupo, sendo realizado pela internet, como a maioria dos times. São realizados trabalhos físicos e exercícios funcionais, cada um dentro da sua realidade de espaço”, afirma.

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Roncaglio, Fred e Guitta com a Seleção Brasileira. Foto: Divulgação

Não há para onde escapar. Os treinamentos específicos da função exigem criatividade dentro da nova rotina estabelecida pela quarentena. Atletas de todas as modalidades estão longe do habitat natural. Para os goleiros, mesmo que acostumados aos bombardeios, a saudade é a mesma. Enquanto isso, o jeito é se adaptar aos treinos propostos dentro do possível.

“Estou me virando baseado em uma técnica que desenvolvi da época da base com trabalho coordenativo com o uso da bola para manter a qualidade do gesto técnico de coordenação. São dinâmicas que vem dando resultado mesmo sem o uso da bola, o que acontece até em tempos sem quarentena. Uso também parte cognitiva para manter os caras em atividade para não deixá-los enferrujados”, relata Carlão, preparador de goleiros do Magnus.

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Carlão, preparador de goleiros do Magnus. Foto: Divulgação

Se para quem tem a responsabilidade de conduzir os treinamentos à distância os obstáculos são grandes, imagine para quem vai sofrer na pele as consequências desse processo. Os goleiros precisam desenvolver ainda mais outras valências que a peculiaridade da função exige.

“Nessa parada ficamos mais lentos. Sua cabeça não está na mesma velocidade de antes, e por isso vai nos prejudicar, fisicamente e psicologicamente. Espero voltar logo a quadra para tirar um pouco dessa ferrugem que está já aqui”, admite Gian Wolverine, goleiro da ACBF.

Na carona do colega, Deivid, goleiro do Campo Mourão e um dos melhores da posição na temporada passada reconhece que o desafio será grande na volta às quadras. E até que esse momento chegue, o que é uma incerteza para todos, o jeito é suar a camisa e as luvas.

“Com essa parada não conseguimos manter um ritmo que vínhamos trabalhando, acabamos pendendo tudo o que nós goleiros precisamos, reflexo, agilidade, velocidade e reação. Por mais que tentamos manter, é difícil por não ter um espaço apropriado, eu mesmo estou treinando em um campo de futebol que fica afastado para tentar manter um ritmo e contato com a bola. Os jogadores de linha por mais que percam também, ainda têm uma última opção que somos nós goleiros quando eles erram”, desabafa.

Retomar o controle das defesas usando as mãos não é o suficiente para a ingrata missão e defender um gol no futsal. Como se não bastasse, recuperar o tempo perdido com a bola longe dos pés é algo que está no horizonte de quem hoje assumiu também essa responsabilidade.

“Acredito que hoje é fundamental e muito importante o goleiro ter essa característica, aprimorar o jogo com os pés”, adianta o experiente goleiro Velloso, da Intelli Tempersul.

O início da LNF segue suspenso por tempo indeterminado por conta da pandemia do coronavírus e nossos profissionais seguem inovando para manter os treinamentos durante esse período. Na semana que vem traremos uma matéria especial desses profissionais contando uma pouco sobre a evolução da posição com o passar dos anos.