Nascido em Juiz de Fora, o jogador de futsal Léo Aleixo está há 13 anos na Bélgica. Tendo concluído a aquisição da cidadania em 2018, o ala defende desde então a seleção local e está plenamente adaptado, ao lado da esposa Renata e dos filhos Luísa, de 14 anos, e Diego, de dois. A carreira bem-sucedida inclui o time atual, Halle Gooik, que foi pentacampeão nacional nos últimos anos, mas que pode ficar fora de uma competição europeia como consequência do combate ao coronavírus.

Léo Aleixo: de Juiz de Fora para a seleção de futsal da Bélgica. Foto: Arquivo Pessoal

Isso ocorre porque a federação belga foi uma das primeiras a tomar uma medida definitiva e, em vez de suspender, decidiu encerrar a liga nacional. O problema é que a fase mata-mata estava prestes a começar e o Charleroi, líder da primeira fase, foi declarado campeão.

– A Federação de Futsal da Bélgica foi a primeira no mundo a decretar o fim da competição. Na época, achei uma decisão precipitada, visto que ainda estávamos no começo da pandemia, mas de todo jeito é uma decisão correta no sentido de que não é hora de pensar nisso, o mais importante é a saúde de todos. No futebol também aconteceu uns 15 dias depois, e o Club Brugge foi declarado campeão, mas lá eles já estavam muitos pontos à frente. No futsal, criou polêmica, e inclusive meu clube se sentiu prejudicado, porque declararam o Charleroi, primeiro colocado, campeão. O problema é que aqui tem playoffs, e os oito primeiros competem no cruzamento com igualdade de chances de ser campeão no mata-mata em ida e volta. Estávamos em segundo lugar, somos o atual pentacampeão consecutivo e tínhamos condição de reverter essa situação, por isso o clube recorreu corretamente contra a Federação, sem tirar o mérito do time adversário. No mata-mata, começa outro campeonato do zero – relatou.

Jogador defende a Bélgica há duas temporadas. Foto: Arquivo Pessoal

O impacto da decisão afeta diretamente Léo e família. Isso porque sem a vaga na Taça Uefa, o Halle Gooik pode rever o planejamento para a próxima temporada, o que impacta nas negociações para renovação de contrato dos profissionais do clube. Mesmo assim, o brasileiro naturalizado descarta qualquer mudança que não seja de time dentro do país.

– Tenho contrato para a próxima temporada e já tivemos uma primeira conversa. Existe um interesse mútuo, mas ainda é cedo, porque devido a esses acontecimentos, o clube depende dessa questão nos tribunais, porque muita coisa está em jogo. Só o campeão ganha vaga na Copa Uefa e o clube tem interesse nisso, foi o representante do país no cenário europeu nos últimos cinco anos, porque isso conta muito em relação a patrocinadores e tudo mais. Vamos ver. Se não renovar, é certo que fico na Bélgica em algum outro clube. Acreditamos que o calendário do próximo campeonato, em setembro, não vai ser alterado se houver essa evolução do confinamento – disse.

O atleta de 40 anos está em distanciamento domiciliar com a família desde 13 de março, data do primeiro decreto em relação ao coronavírus na Bélgica. O jogador mora em Morlanwelz, pequena cidade a 45 km de Bruxelas, onde a esposa tem um bar, que fica fechado durante o bloqueio. O cenário da Covid-19 na Europa preocupa, além da situação da mãe, que mora no Brasil e a quem planeja visitar nas férias de junho e julho.

– Fazemos fronteira com Alemanha, França e Holanda. O que os especialistas falam aqui é que no momento a situação está “controlada”, mas isso não quer dizer que estamos seguros. O confinamento está funcionando, mas deve ser estendido, no mínimo, até 3 de maio. Os especialistas dizem que se continuar como está, depois de maio vão começar a liberar certas coisas aos poucos. Agora, a polícia está multando quem não está confinado. Só pode sair a trabalho, para ir ao mercado ou para fazer atividade física sozinho nas proximidades da sua casa. Fico preocupado com minha mãe, que tem hábito de sair de casa, fazer tudo na rua, porque mora sozinha. Estou sempre em contato e, graças a Deus, está tudo bem com ela e meus familiares – encerrou.

Isolada em casa, família aproveita dia de sol na primavera belga. Foto: Arquivo Pessoal