Divulgação Minas

Os encontros diários da equipe de judô do Minas são realizados pelo Zoom. Foto: Divulgação Minas

A pandemia do novo coronavirus (Covid-19) obrigou o mundo a parar. No Brasil, desde meados de março, a grande maioria dos brasileiros estão isolados em casa e se virando como podem para exercer as suas atividades profissionais. No mundo do esporte, não é diferente. Neste momento, é preciso se reinventar para conseguir retomar as atividades e com a equipe de esportes do Minas tem sido assim. Atletas, comissão técnica e equipe multidisciplinar se uniram, buscaram novas formas de atividades e têm mostrado que é possível se manter ativo e conectado ao esporte durante a quarentena. Diariamente, todos os atletas têm interagido com os companheiros de equipe e se exercitado sob a supervisão e o apoio dos profissionais do Clube.

Com os treinamentos presenciais suspensos desde março, devido ao decreto municipal que determina o fechamento de clubes sociodesportivos na capital mineira, as plataformas de reuniões online têm sido as principais aliadas das equipes. É por meio desses aplicativos que os técnicos e profissionais da equipe multidisciplinar mantém contato com os atletas, passam os treinos e acompanham o desempenho e evolução de cada um. Pais e familiares também têm ajudado, principalmente dos atletas da base, e montando estruturas em casa para melhorar as condições de treinos dos filhos esportistas.

Cada modalidade tem a sua própria rotina e calendário de atividades, buscando estar o mais próximo possível do que é desenvolvido no dia a dia no Clube. As comissões técnicas também têm buscado novas formas de passar conteúdo, como palestras com ex-atletas e jogos sobre a história da modalidade.

Sem poder ter contato, cada atleta se reinventa. Os judocas Gustavo Assis (90kg) e Gabriel Silva (60kg), atletas da equipe Sênior do Minas, criaram um boneco para simular parceiro de treino. Um pouco mais experiente com passagens pela seleção brasileira Adulta, Gustavo Assis conta que foi criado, ainda, um projeto onde os judocas com mais bagagem ajudam os mais novos. “No judô, temos o Projeto dos Padrinhos, em que a finalidade é fazer com que os atletas de ponta sirvam como referência para a base, estando mais próximos em treinamentos e nos momentos fora do tatame, aumentando o convívio, mostrando que todos são capazes de chegar ao alto rendimento e, ainda, ajudando os técnicos diretamente com correções e conselhos técnicos. A ideia do projeto dos padrinhos é algo único do Minas Tênis Clube. Nesse momento, em que temos um pouco mais de tempo disponível, é um ótimo cenário para dedicar mais a eles na formação. Junto dos técnicos, percebemos o quanto é difícil manter em casa uma rotina saudável e com evolução constante, que é algo presente no nosso dia a dia. Assim, criamos a ‘live dos padrinhos’, para manter o cuidado e o contato com todos, mesmo de casa, inclusive com os pais e familiares. Montamos também um boneco de judogi para simular um parceiro de treino e cada um tem o seu. Os treinos entre ponta e base têm sido de forma que cada um coloque a sua intensidade, respeitando as diferenças”. A live dos padrinhos vai ao ar toda quinta-feira, às 18h, no Instagram do @mtcesporte.

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Gustavo Assis e Gabriel Silva usam o boneco como parceiro nos treinos de jud. Foto: Divulgação Minas

O jovem João Eduardo Aragão, de 14 anos, é atleta da equipe Sub-15 de basquete do Clube. Para ele, os treinos, mesmo que online, são de extrema importância para os atletas manterem o ritmo. “Eu acho muito importante essa iniciativa do Minas de passar treinos para os atletas nesse período. Temos que manter a atividade, principalmente a parte física, porque o basquete demanda muito fisicamente. Você precisa estar inteiro nos minutos finais, para poder render em quadra. A iniciativa do Minas é ótima. Isso vai ajudar muito na retomada dos treinos, já que vamos voltar de um período não completamente parados. Não vamos demorar para pegar o ritmo de novo, a readaptação será muito mais fácil”.

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João Eduardo conta com uma cesta de basquete em casa. Foto: Divulgação Minas

O goleiro Anderson, da equipe principal de futsal de Clube conta que os atletas têm feito de cinco a seis treinos por semana e, após as atividades, a comissão técnica recebe um feedback de cada jogador. “Estou treinando em Belo Horizonte, em casa mesmo. Temos feito de cinco a seis sessões de treino por semana. Algumas vezes, são os exercícios passados pelo Felipe, nosso fisioterapeuta. Os demais são as atividades com o Rodrigo, que é o preparador físico da equipe. Antes e depois dos treinos, respondemos a um questionário, para que a comissão técnica saiba como estávamos antes da atividade física e o que sentimos durante os treinos. Sempre passamos esses feedbacks aos profissionais do Clube”

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Goleiro da equipe de futsal, Anderson faz os treinamentos online com os colegas de equipe. Foto: Divulgação Minas

O pequeno Diego Augusto Silva, de 10 anos, conta com uma pequena estrutura de aparelhos de ginástica artística montada pelo pai. “Eu achei muito legal ter vários aparelhos em casa para treinar um pouco do que eu faço no Minas. Eu acho que isso vai ajudar muito, porque não vou ficar totalmente parado. Tem como fazer pelo menos o básico. Não é igual ao Clube, porque não tem a mesma estrutura e espaço, mas ajuda muito. Como o meu técnico Rodrigo soube que eu tenho aparelhos de ginástica, ele me passou exercícios para fazer em casa, enquanto tudo não volta. Todo dia, treino de manhã com meu pai e à tarde tenho treino online com todos da minha equipe pelo vídeo”.

Alguns atletas da equipe de natação enfrentam limitações por falta de uma piscina em casa. Mas quem tem a oportunidade aproveita cada momento para manter o pique, como é o caso da nadadora Giulia Carvalho, atleta da equipe de ponta do Minas, que montou em sua casa uma estrutura com elásticos para manter treinos na piscina. “Desde o fechamento do Clube, sabia que não seria fácil ficar sem ver os amigos e estar fora das piscinas, que é meu ‘habitat natural’. Mesmo antes do envio das atividades online, planejei minha rotina diária com horário para estudar, para praticar exercícios físicos e ajudar nas tarefas de casa. Senti um pouco de dificuldade em realizar as atividades sozinha, sem ter a motivação dos meus colegas de equipe, mas tudo se resolveu rápido trocando experiências com a equipe. Após o início das atividades online passadas pela comissão técnica, adaptei a rotina que já estava em prática. Estamos juntos nessa jornada, passando pela mesma situação. Nesse momento, devemos ter paciência, cautela, sabedoria e serenidade para conseguirmos passar por isso. O convívio familiar mais próximo e a fé são de suma importância”, alertou a atleta.

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Giulia Carvalho improvisou a piscina de casa para manter o ritmo dos treinos. Foto: Divulgação Minas

Os treinadores também estão aproveitando das plataformas digitais para se relacionar com seus atletas, que estão isolados em suas casas. “O principal objetivo dos treinos online é tentar manter os atletas fisicamente ativos, para que a perda de ganho muscular e de potência de força seja o mínimo possível. Em situação normal, os atletas vão ganhando força e coordenação motora com os treinos, mas, em casa, não tendo espaço, aparelhos e pesos, isso fica aquém. Então, estamos tentando obter o máximo de êxito possível dentro do que podemos fazer. Com os treinos online, também percebo que conseguimos alcançar duas coisas: a primeira é saber se os atletas estão fazendo o exercício de forma correta e, assim, poder aumentar a intensidade e volume; e a segunda é o contexto social, que é extremamente importante nesse momento, que é o atleta não se sentir isolado dentro de casa. Quando se tem o grupo todo fazendo, e eles percebem que estão dentro desse grupo, se torna algo mais acolhedor e eles treinam melhor. Temos muitas crianças na base, de 6 a 8 anos, em que o contexto social tem uma particularidade ainda maior”.

Para a treinadora Fernanda Ferreira, da equipe de tênis do Clube, os encontros online também estão servindo de distração neste momento de tensão. “Está sendo um momento diferente para todos. Estamos nos adaptando, nos reinventando, e está sendo legal, os atletas têm participado e estão animados. Fizemos um jogo de perguntas sobre a história do tênis e eles gostaram muito. Tivemos um bate papo legal com ex-atletas da equipe e todos interagiram bem. Queremos aproveitar esses momentos, que, às vezes, no dia a dia corrido, não dá tempo. Estamos com uma geração que gosta muito de ver e saber o porquê, então vamos aproveitar para falar mais sobre tática, vamos ver vídeos juntos, vamos detalhar mais sobre as técnicas e conversar. A equipe multidisciplinar está muito envolvida também, temos contato direto e eles têm participado dos treinos online. Como no dia a dia treinamos no Country, as reuniões online têm nos aproximado também das pessoas que ficam mais no Minas I. Eu sou otimista, vejo muita coisa positiva e tenho certeza que vamos sair melhores dessa”.

O técnico principal da base do vôlei masculino, Marcelo Melado, destaca que as atividades online servem também para dar uma rotina aos atletas, já que os treinos têm hora marcada. “Estão sendo muito importantes as atividades durante a quarentena. Primeiro, porque os atletas começam a ter novamente o sentimento de rotina, tem horário para todas as atividades, tanto de preparação física, como da fisioterapia, da psicologia, palestras e atividades com os próprios treinadores. Segundo, estamos tendo ganho físico, já que eles começaram a ter atividades regulares. Outro ganho importante é o da convivência, acredito que quando retornarmos não vamos ter aquela ideia de ‘tem muito tempo que não te vejo’. O fato de fazer essas reuniões aproxima muito todo mundo. Acho que por esses motivos tudo está sendo muito produtivo nesse processo. O envolvimento dos atletas tem sido surpreendente”.

O analista técnico-científico Sergio Falci recebe com frequência vídeos de treinos e atividades das atletas da base de vôlei feminino. Com o material em mãos, o profissional consegue dar um suporte técnico aos preparadores físicos. “Para o desenvolvimento de atividades que envolvam a parte técnica e física e que possam ser realizadas fora do ambiente esportivo, tivemos que nos reinventar. Colaboramos com o suporte tecnológico e científico, no desenvolvimento de ações que auxiliam na produção de documentos com valor científico. Também criamos e editamos vídeos relacionados às atividades específicas. As atletas do vôlei feminino enviam os vídeos, e os profissionais fazem as correções. Todos têm observado o envolvimento e comprometimento das atletas na participação e realização das atividades”.