Campeã mundial em 1982, 1985, 1989, 1992, 1996, 2008 e 2012, a seleção brasileira de futsal inicia a caminhada rumo ao octacampeonato mundial no próximo domingo, na Colômbia, quando enfrenta a Ucrânia em Bucaramanga pela primeira rodada do grupo D. Com um elenco que mescla jogadores consagrados como Falcão, Tiago e Ari com ícones da nova geração como Bateria, Dyego, Jackson e Dieguinho, o Brasil aposta também no peso da camisa, na boa preparação física e na união diante das dificuldades enfrentadas pelo futsal brasileiro como trunfos para conquistar mais um caneco da Copa do Mundo. Veja os motivos para crer no octa:

Último Mundial de Falcão

Luis Domingues

Selfie pós-jogo – ou será que foi durante?

Aos 39 anos, Falcão voltou atrás na decisão de não disputar mais uma Copa do Mundo para tentar despedir-se de Mundiais com o seu terceiro título. Mesmo com a idade avançada, o melhor jogador de futsal de todos os tempos segue fazendo a diferença por conta da habilidade acima do normal e da inteligência. Em junho, o camisa 12 levou a sua equipe, o Sorocaba, ao inédito título Mundial Interclubes. Era o único troféu que faltava na galeria de conquistas do camisa 12.

– Em algum momento eu queria ficar com aquela história de 2012, mas sou movido a desafios. Deus me deu o privilégio de estar jogando em alto nível aos 39 anos, então me perguntei por que não jogar mais uma Copa do Mundo? A última teve uma história bacana, mas eu joguei apenas 27 ou 28 minutos, então agora eu quero desfrutar, jogar todos os jogos e quem sabe continuar fazendo história – disse Falcão, vencedor da Bola de Ouro Fifa em 2004 e 2008.


Tradição brasileira

Divulgação FIFA

Que imagem!

Dos dez Mundiais de futsal realizados até aqui (sete pela Fifa e três pela Fifusa), apenas três não tiveram o Brasil como campeão, sendo que duas vezes (1988 e 2000) a seleção canarinho ficou com o vice-campeonato e na outra (2004) ficou em terceiro. Apesar do crescimento de diversos outros países, o Brasil segue absoluto como o mais vitorioso do futsal. A Espanha, maior rival dos brasileiros, é apenas bicampeã mundial (2000 e 2004). Prova do domínio verde-amarelo é que 25 brasileiros (22 jogadores e três técnicos) estarão em ação por outras seleções nesta Copa do Mundo. Se tradição não ganha jogo, ao menos impõe respeito.

– Fico muito orgulhoso com a possibilidade de ganhar três Mundiais, principalmente pela dificuldade. Em 2008 eu era o mais novo daquele grupo e estava bastante nervoso, principalmente por ser no Brasil. Eu lembro bem, era o mais novo, e os caras como o próprio Falcão, Schumacher, Vinícius e Lenísio, usaram a experiência para me acalmar.

No Brasil temos excelentes jogadores, mas estamos vendo nos treinos que a escolha deste grupo foi acertada. Estamos com muita vontade de vencer, eu mais ainda para buscar esse tricampeonato – comentou o fixo Ari.

União em torno de uma casa

Marcos Guerra

Jogadores selaram paz com a Confederação

Desde o fim do último Mundial, o futsal brasileiro iniciou uma grave crise político-administrativa. Indignados com os desmandos na Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), os principais jogadores do país resolveram montar um movimento por reformulação na modalidade. Envolvido em denúncias contra a sua administração, o antigo presidente da CBFS, Aécio de Borba Vasconcelos, renunciou ao cargo em 2014. Em seu lugar assumiu o ex-vice-presidente de competições Renan Tavares, que não ficou nem um ano à frente da entidade. Em março de 2015, o ex-presidente da Federação Mineira de Futsal, Marcos Madeira, foi eleito presidente da CBFS.

Madeira levou tempo até conquistar a confiança dos jogadores, que chegaram a realizar um boicote à seleção brasileira por conta de uma aliança política que levou o mineiro à presidência da entidade. Terminada a crise, as principais lideranças do futsal brasileiro se uniram em torno de uma causa: o octacampeonato mundial na Colômbia. Se enfrentou problemas como poucos jogos e raros testes de nível nos últimos quatro anos, a seleção brasileira chega para a Copa do Mundo motivada e unida pelas mudanças promovidas na gestão da modalidade nos últimos anos.

Surgimento de uma nova geração

Luis Domingues

Bateria artilheiro e melhor jogador das Eliminatórias, joga 1ª Copa

Se os veteranos Falcão e Ari estão fazendo o seu último Mundial, uma nova geração começa a ser lapidada para substituir a base campeã mundial em 2008 e 2012. Dentre os convocados pelo técnico Serginho Schiochet para a Copa do Mundo da Colômbia, os alas Bateria, Jackson e Dyego e pivô Dieguinho terão a missão de fazer a transição para a equipe que disputará o Mundial 2020. Dentre os novatos, Bateria é o que mais se destaca. Revelado pelo Joinville, ele atua no futsal espanhol desde 2011, tendo passado pelo InterMovistar antes de chegar ao todo poderoso Barcelona.

– Sempre foi um sonho estar na seleção brasileira e quando vi o meu nome na lista foi incrível, comecei a lembrar de tudo que passei na carreira, desde as categorias de base, até chegar aqui. Agora eu alcancei o sonho maior, ser convocado para o Mundial, mas espero dar o meu melhor e ajudar ao máximo a seleção brasileira. A gente sempre quer e pensa no próximo desafio – comentou o ala, que se chama Dione Alex Veroneze e ganhou apelido Bateria, já que o pai vendia baterias para carro na infância do jogador, em Santa Catarina.

O fator preparação física

Luis Domingues

Na ‘ponta dos cascos’ para o Mundial

Enquanto as seleções europeias estão no segundo mês da temporada, os brasileiros se encontram em condições físicas mais apuradas, uma vez que o calendário nacional se inicia em fevereiro. Até os atletas do Brasil que atuam no Velho Continente chegarão para o Mundial “voando”, uma vez que a maioria não tirou férias pensando na Copa do Mundo da Colômbia. Para reforçar ainda mais a ênfase na preparação física, o elenco convocado para o Mundial realizou duas semanas de treinamento intenso em Francisco Beltrão, cidade do interior do Paraná.

– A expectativa é grande para mais um Mundial. Treinamos muito, com um bom trabalho, e cada dia que passa aumenta a vontade de entrar em quadra e defender o Brasil em mais uma Copa do Mundo. Nosso grupo está num grande clima, unido, e seguindo com a cabeça no lugar para o mesmo objetivo: conquistar o título – afirmou o pivô Fernandinho.

Adolfo Pegoraro

Grupo unido