Quando falamos do esporte de Jaraguá do Sul, logo vem à tona o futsal. Não é para menos. Hoje, a cidade que elegeu o salonismo como a principal paixão local, orgulha-se dos feitos de uma história rica de títulos.

Um crescimento espantoso, iniciado neste século que levou o município a ser reconhecido mundialmente, pelas mais de 50 taças levantadas em competições a nível nacional e internacional.

Mas antes de tornar-se uma potência na modalidade, o passado do futsal jaraguaense acumulou grandes momentos que merecem ser recordados e alimentam a camisa de um dos mais tradicionais clubes do país.

Tudo começou em 1959, quando um grupo de seis jovens atletas se reuniam para jogar futebol no Clube Atlético Baependi e já carregavam uma pequena experiência no esporte da bola pesada, ainda pouco difundido naquela época no Estado.

Até que um certo dia, o grupo formado por Rainer Wiele, Norberto Piazera, Elizaldo Leutprecht, Guido Fischer, Zico Rocha e Francisco Schiochet, o ‘Chiquito’, decidiram ingressar ao futebol de salão com uma atividade no Colégio Marista São Luís, onde encontraram estudantes do Colégio Paranaense e fizeram sua primeira partida da história, que terminou com uma goleada por 12 a 0 para os jaraguaenses.

A partir daí, a modalidade se proliferou rapidamente na região e começaram a surgir algumas equipes representantes de Jaraguá do Sul, Guaramirim e Corupá. O sucesso era tanto, que em uma união de esforços entre jogadores e Baependi, foi inaugurada no próprio clube a primeira quadra oficial na cidade, que levou o nome de Alfredo Krause, responsável por doar toda iluminação.

Esse é lembrado como o grande pontapé inicial do futsal de Jaraguá do Sul, que fez sua estreia em campeonatos no ano de 1962, com a disputa do 3º Jogos Abertos de Santa Catarina, em Blumenau.

O INÍCIO DA TRANSFORMAÇÃO

O futsal mundial sofreu por uma constante evolução nas décadas de 70, 80 e 90. E buscando se adequar a estas mudanças, o salonismo jaraguaense passou por uma grande reformulação, a partir de 1992.

Com o objetivo de tornar a equipe em uma grande referência no estado, Carione Pavanello, o Cacá, Sérgio Luís da Silva e Osny Matheussi fundaram a Associação Desportiva Jaraguá.

Em pouco tempo, o time passou a contar com o patrocínio de empresas fortes na cidade como Breithaupt e Caraguá, além do apoio da Prefeitura Municipal, e foi galgando seu espaço até conquistar o primeiro bicampeonato estadual entre 1999 e 2000, no Ginásio do Sesi e os Jogos Abertos de Santa Catarina.

No elenco comandado por Manoel Dalpasquale, o Maneca, alguns nomes conhecidos na região como Xande, James, Altair Veras, Paulinho Friedmann, Marquinhos, Celinho, Cesinha Pradi, Osni, Moacir, Silvinho, Ricardo e Alexandre. Um grupo de atletas e dirigentes considerados os responsáveis por dar início a uma história vitoriosa na modalidade.

“Antes de assumirmos, já havia equipe disputando o Catarinense pela cidade, mas que precisava de uma guinada. O apoio da Prefeitura e empresas sempre foram fundamentais para o início da nossa evolução no estado. Não seríamos nada sem a ajuda deles. A partir daquela época, o jaraguaense se tornou um apaixonado pelo futsal que só cresceu com a vinda da Malwee”, destacou Cacá.

ÉPOCA DE OURO

O patamar do futsal de Jaraguá do Sul começou a subir em 2001, com a chegada da Malwee Malhas. Com um grande patrocínio, o clube começou a investir pesado no elenco, trazendo jogadores de renome no país, começando por Manoel Tobias, Ortiz, Franklin e Betão, que faziam o público lotar o acanhado ginásio do Parque Malwee.

Depois, outras estrelas desfilaram seu talento no local, que a partir de 2007, passou a ter a Arena Jaraguá como palco principal. Entre eles, Chico, Xande, Tiago, Xoxo, Lenísio, Ari, Valdin, Leco, Neto e Falcão, que veio a se tornar o maior jogador de futsal de todos os tempos e ídolo máximo da torcida.

O resultado dessa junção de craques não poderia ser outro: vitórias e títulos. Foram nada mais nada menos, que quatro Ligas Nacionais, seis Taças Brasil, seis Libertadores, quatro Superligas e seis Catarinenses.

Isso sem contar outros campeonatos estaduais e nacionais de menor expressão. No dia 3 de dezembro de 2010, chegava ao fim a história mais vencedora de Jaraguá no futsal. Após 10 anos e 47 títulos conquistados, o patrocínio da Malwee foi encerrado, causando comoção em toda cidade.

ERA PÓS-MALWEE

Mesmo com o desligamento de seu maior investidor, a equipe teve sequência do projeto com a disputa de torneios estaduais em 2011. No ano seguinte, a CSM passou a investir forte no clube que confirmou seu retorno à Liga Nacional.

O ressurgimento no cenário nacional foi complicado, mas aos poucos, o aurinegro foi retomando o seu prestígio que acabou sendo decretado com o título da Taça Brasil, em 2015, acabando com um jejum de cinco anos sem títulos a nível brasileiro.

Mas nem tudo foi um mar de rosas. Apesar de resgatar a paixão da comunidade pelo futsal, o clube ainda se encontra em uma situação financeira delicada. A atual diretoria, presidida por Marcio Haffemann, assumiu a agremiação no ano passado com um rombo de mais de R$ 1 milhão de dívidas, contraídas por gestões anteriores.

Prejuízo que afeta diretamente na montagem do elenco, devido a falta de recursos para contratação de atletas de peso. No entanto, o trabalho vem sendo feito de forma transparente com prestações de contas trimestrais, sem atraso de salários como fora em 2016, e o pagamento de R$ 372.710,59 mil de dividendos até o último mês de fevereiro.

Com relação a equipe, uma mescla de jogadores experientes e identificados com o clube, como Marcio, Oitomeia, Daniel e Vitor Hugo, juntamente com jovens promessas vem fazendo a diferença em quadra.

Sobretudo, com o comando do técnico Fernando Ferretti, multicampeão na ‘era Malwee’, que retornou após oito anos e trazendo o objetivo de levar o clube a novos títulos importantes. Até aqui, o Jaraguá é líder do Estadual e está na briga pelas primeiras posições da Liga Nacional.

BASE E FUTURO

Se depender das categorias de base para o futuro do clube, o futsal de Jaraguá do Sul está bem servido. Uma das principais referências do estado na formação de atletas, a cidade conta com dois projetos de sucesso que revelam grandes talentos para o salonismo nacional.

Um é o ‘Futsal Menor’, do Colégio Evangélico Jaraguá, idealizado há mais de 20 anos pelo atual secretário de Esporte, Cultura e Lazer, Augustinho Ferrari, que atende hoje mais de 113 jovens no rendimento, do Sub-9 ao Sub-17, isso sem contar as centenas de crianças que praticam nos polos criados escolas. O outro é do próprio Jaraguá Futsal, que envolve 148 meninos, do Sub-7 ao Sub-17.

Com relação ao profissional, o foco está todo voltado para quitação das dívidas para que no futuro, o clube consiga fazer maiores investimentos na equipe, além de algumas novidades para resgatar a história do futsal jaraguaense.

“Iniciamos a gestão com o foco em pagamento de dívidas para resgatar a credibilidade perante a comunidade, entretanto, levaremos tempo ainda em nossa gestão para a resolução de todos os problemas financeiros deixados nos anos anteriores”, disse o presidente Marcio Haffemann. “Ao futuro próximo planejamos investimentos maiores nas categorias de base, com a montagem de um elenco sub-20. Além disso, queremos valorizar as conquistas jaraguaenses, através da montagem de um museu da história do futsal anexo a Arena Jaraguá, e, o mais importante conquistar títulos a nossa apaixonada torcida”, completou.