Quando a pandemia virou realidade ao final do primeiro trimestre de 2020, o mundo mudou na forma de agir. O futsal não foi diferente e a LNF, prevista para começar em março, se obrigou a reformular o formato, conversou sempre com os clubes e entregou a competição ainda dentro do calendário final em dezembro. Os ajustes, no entanto, deixaram todos cientes de que algumas consequências seriam inevitáveis. Intervalo reduzido entre os jogos, mas ao mesmo tempo menos partidas diante da necessária regionalização da competição, o que reduziu em 30% o total de enfrentamentos.

Arte LNF

Pela primeira vez na história da Liga Nacional de Futsal, todas as equipes reportaram as lesões ocorridas em seus respectivos clubes. A temporada de 2020 foi bastante atípica devido a pandemia de Covid-19. Ao todo foram registradas 261 lesões nos 21 times que disputaram a competição. Sendo em média 12,4 lesões por equipe. Em comparação com os anos anteriores: em 2018 teve média de 12,1 lesões; já em 2019 a média foi 12,9 lesões, ou seja, em 2020, por mais atípico que tenha sido, a quantidade de lesões por equipe foi similar aos anos anteriores.

“Menos tempo de recuperação e isolamento social sem poder treinar em quadra e academia com certeza prejudicou a questão das lesões. As lesões graves com tempo de afastamento de 21 dias foram em menor número. Redução de 9%. Isso quer dizer que o tratamento foi mais rápido ou a prevenção foi mais eficiente”, explica Felipe Pereira, fisioterapeuta do Minas. Opinião completada pelo colega Cristiano Henzel, da ACBF.

“Assim que voltaram os jogos o grande receio da comissão e de todos os clubes era o elevado número de lesões. O atleta não tinha tempo para recuperar, o treinador não tinha tempo para treinar em quadra, o preparador físico muito menos fazer algo voltado para força. Então era tudo feito para a manutenção da parte física do atleta. E principalmente a recuperação dele pós jogo. A fisioterapia em 2020 atuou mais em reocupação do que em lesão”.

A crescente participação desses profissionais nas comissões técnicas reflete a importância de manter o menor tempo possível no DM um jogador com caráter decisivo durante o tempo em quadra. Dependendo do ponto de vista pode ser uma mensuração subjetiva.

“Hoje alguns clubes veem como parte fundamental um fisioterapeuta exclusivo dentro da comissão técnica. Isso devido a excelentes trabalhos e profissionais cada vez mais qualificados, dedicados em levar a prevenção de lesões em primeiro lugar. Somos muito atuantes no dia a dia, desde o controle de carga, exercícios preventivos até o recovery após as sessões”, explica Lucas Vargas de Andrade.

Arte LNF

Treino e jogo

Houve redução do percentual de lesões graves, representando maior disponibilidade dos atletas para treinos e jogos. Além disso, houve mudança quando as lesões ocorreram, sendo que os treinos foram a principal situação. A conclusão dos profissionais da área está diretamente ligada ao modelo em que a LNF foi disputada em 2020. Felipe aponta, no entanto, outros fatores de contribuição da fisioterapia em esporte de alto rendimento.

“São 4 formas de atuação: tratamento e recuperação de lesão é parte mais conhecida. Depois vem a prevenção de lesão no controle da carga de treino e análise dos dados. Outra coisa é o retorno do atleta mais para perto da intensidade do jogo. E por último o atendimento emergencial. Somos capacitados para isso: saber imobilizar, identificar concussão, uma parada cardiorrespiratória, somos profissionais da saúde com essa capacidade”.

O reconhecimento desses profissionais vai além da participação junto às comissões técnicas. Se os artistas da bola são os jogadores e é para ele que todos trabalham, deve ser esse feedback o mais recompensador. Por isso, há estratégias na elaboração desse processo. O convencimento é fator fundamental.

“Hoje o atleta de futsal é muito profissional. Quem busca uma performance de alto rendimento, valoriza muito trabalho de prevenção e manutenção feito pelo fisioterapeuta é de extrema importância. Os jogadores enxergam o nosso trabalho outros olhos dentro do contexto do futsal”, afirma Cristiano.

“Notamos diariamente o reconhecimento por parte dos atletas, que estão conseguindo prolongar seus tempos de quadra, conseguindo realizar suas sessões de trabalho com o preparador físico e o técnico sem déficits. O reconhecimento maior se dá pelo atleta que procura acertar seu contrato com times que possuem um setor de Fisioterapia estruturado”, completa Lucas.

Veja, através de gráficos e números, um resumo do calendário de lesões na LNF 2020.