Com 83 mil habitantes e localizada a cerca de 400 km de Curitiba, Pato Branco virou uma “capital poliesportiva” do Paraná. O município vem acumulando sucesso das quadras aos campos, com o futsal masculino bicampeão nacional, o basquete crescendo no NBB, e o futebol de volta à elite estadual e alcançando voos maiores.

A fase de conquistas começou em 2018, com os títulos do Pato Futsal, bicampeão da Liga Nacional e campeão da Copa Brasil. Isso serviu de inspiração para outras modalidades, como o surgimento do Pato Basquete, que logo garantiu um lugar no NBB e parou nos playoffs neste ano, na segunda participação.

– Pato Branco é uma cidade desportiva. A gente viu aquela boa fase do futsal, se inspirou neles. A gente já tinha o sonho antigo de montar a equipe de basquete. O bom momento do futsal, o ambiente propício da cidade, isso nos ajudou muito, tem incentivo. Isso tudo ajuda – destacou Marcelo Pastorello, presidente do Pato Basquete.

O futebol também está presente. Pato Branco recebeu recentemente o Azuriz, time que tem sede na vizinha Marmeleiro e manda os seus jogos no estádio Os Pioneiros. A equipe foi fundada em 2018 por um grupo de investidores, entre eles o lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid.

O Azuriz disputou a elite do Campeonato Paranaense pela primeira vez neste ano e parou nas quartas de final. O time garantiu vaga na Série D do Brasileiro em 2022.

– A gente começou a estudar as cidades próximas, e Pato Branco é a maior do sudoeste do Paraná, tem o futsal bem desenvolvido, o basquete em nível nacional, uma cidade apaixonada por esporte. E tinha naquele momento uma lacuna, que era o futebol de campo. A gente viu em Pato Branco uma grande possibilidade – disse Robson Ramos, vice-presidente do Azuriz.

Maurício Moreira

Pato ganhou a Liga Nacional em 2018 e 2019. Foto: Maurício Moreira

Futsal em alta

A paixão pelo futsal na cidade vem desde a década de 1980, passou por dois times, o Grêmio Patobranquense e Clube Atlético Patobranquense, ambos campeões paranaenses, e chegou até o Pato Futsal. Fundado em 2010, a ascensão começou em 2017, com o título paranaense. Depois ganhou a Liga Sul, a Taça Brasil e o bicampeonato da Liga Nacional de Futsal (2018 e 2019).

– O futsal desde os anos 90 sempre brigou por títulos. Começou regional, passou para estadual e depois nacional. Tudo isso com projetos bem elaborados, definidos. Os empresários acreditaram. Houve condição para que o esporte evoluísse. Não é exagero nenhum dizer que a cidade respira o futsal. É a paixão da cidade – comentou o professor Sandro Zanatta, que atua com categorias de base de futebol e futsal em Pato Branco.

O sucesso no masculino abriu caminho para o futsal feminino. A equipe estreou na Série Ouro do Paranaense em 2020 e parou já nas semifinais da competição. O time conta com jogadoras com convocações para a seleção brasileira, como a fixo Diana Santos, que esteve entre as 10 melhores do mundo em 2016, 2017 e 2018.

Maurício Moreira

Futsal feminino também ganha espaço em Pato Branco. Foto: Maurício Moreira

O bom momento do futsal em Pato Branco atraiu também outros nomes, como o goleiro Gian Wolverine, que coleciona títulos por outros clubes e também teve várias convocações para a seleção, sendo tricampeão do Grand Prix Internacional.

– O que me fez aceitar o desafio de defender o Pato Futsal é por se tratar de uma grande equipe, ter um nome grandioso no cenário nacional e internacional. Quem joga no Pato Futsal tem uma visibilidade incrível. O que também foi determinante na minha escolha é essa paixão da população pelo futsal, além de acreditar na gestão do clube, no trabalho da comissão técnica do Paulinho Cardoso e por lutar por títulos nas principais competições do país – disse Gian.

Terra de Pato e Ceni

O futsal serviu de base para formar vários jogadores, até mesmo no futebol. Entre eles está o atacante Alexandre Pato, ex-Internacional, Milan, Corinthians, São Paulo e seleção brasileira. Natural de Pato Branco (até por isso o apelido), o jogador surgiu ainda no futsal, aos 10 anos. Só depois que o atacante seguiu para o Internacional e fez a carreira. Aos 31 anos, ele está jogando no Orlando City.

– Tinha muita vontade e fazia a diferença, tanto é que eu o colocava para treinar com os garotos de 13 anos. E mesmo assim era sempre o destaque. Com 12 anos, ele jogou o primeiro campeonato de futebol de campo, nos Jogos Escolares, e foi campeão municipal e regional em uma classe dois anos acima. No time encontrava-se também o Chico Grando , que jogou no Athletico, Palmeiras , Coritiba e na Turquia – lembra o professor Sandro Zanatta.

Pato Branco é também a cidade natal de Rogério Ceni, ídolo do São Paulo como goleiro e atual técnico do Flamengo. Foi no município paranaense que ele deu os primeiros passos no futebol, quase virou jogador de futsal, mas já aos 12 anos mudou com a família para Sinop, no Mato Grosso, onde começou de vez a vitoriosa carreira nos gramados.

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Alexandre Pato em ação pelo Milan: início em Pato Branco. Foto: Getty Images

Projetos ganham apoio

Os clubes participam de projetos de nível municipal, estadual e federal, mas ganham força com patrocinadores e também pelo engajamento com os torcedores.

– O sucesso do Pato Futsal se deve ao apoio de empresários, do poder público, de todos os torcedores, colaboradores, além do trabalho coletivo em quadra. É uma sintonia elevada que move o clube nos desafios diários – comentou Eliseu Betelli, diretor executivo do Pato Futsal.

No caso das novas modalidades, como o basquete e o handebol, a Secretaria Municipal de Esportes instigou as associações para consolidarem os projetos. O Pato Basquete, por exemplo, teve início na união de um grupo de ex-jogadores da cidade, que tinham o sonho antigo de consolidar uma equipe.

– O setor público aqui tenta dar o empurrão para que essas pessoas que amam o esporte tirem algo do papel. O município auxilia subvenção social e também em competições oficiais. No futebol, auxilia deixando o estádio com condições. O município é apenas um incentivador – destacou o secretário de esportes de Pato Branco, Alexandre Zoche.

NBB

Pato Basquete fez boa campanha no último NBB. Foto: NBB

O orçamento municipal em 2021 é de R$ 9,8 milhões ao todo, mas esse valor subirá para R$ 15 milhões, segundo Alexandre Zoche. A intenção do município é fazer projetos esportivos que envolvam a população, o que é feito em contrapartida pelo apoio oferecido às modalidades.

Como exemplo, o futsal terá quatro polos na cidade, principalmente em bairros com pessoas de baixa renda. Está começando também um trabalho com ginástica rítmica, que ganhará um centro de treinamentos para 600 alunas.

– O papel é instigar, fazer com que a população respire e tenha o esporte como uma vertente para a vida. Os atletas do Pato Futsal, nos campeonatos de base, alguns atletas acompanham e vão fazer a entrega dos troféus para as crianças. É um trabalho de formiguinha de anos que agora colhe os frutos – completou o secretário Alexandre Zoche.