O francês Michel Platini entregou na quarta-feira ao Comitê Eleitoral da Fifa toda a documentação necessária para sua candidatura. A informação foi confirmada por uma fonte ligada ao Comitê de Ética, que garantiu não ter ocorrido nenhum aviso oficial prévio ao presidente da Uefa. Com isso, tecnicamente, Platini pode ter condições de concorrer à presidência da Fifa. No entanto, a punição divulgada nesta quinta-feira pelo Comitê de Ética o afasta de toda e qualquer atividade relacionada ao futebol. A decisão sobre a possibilidade de concorrer ou não será do Comitê Eleitoral, que não deverá divulgar uma posição sobre o caso antes do dia 26 de outubro, data limite para homologação das chapas para a eleição no Congresso Extraordinário marcado para 26 de fevereiro de 2016.
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Platini foi banido de qualquer atividade relacionada ao futebol ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral Jérôme Valcke. A pena tem duração de 90 dias e pode ser prorrogada por mais 45. A Fifa passa a ser comandada interinamente pelo vice-presidente sênior Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF). Em comunicado oficial, Hayatou afirmou que não será candidato à presidência.

Se tivesse entregado os documentos somente nesta quinta-feira, não haveria dúvidas sobre a possibilidade de Platini concorrer. O francês tem agora dois dias para recorrer da decisão do Comitê de Ética. Se for mantida a punição, o cenário político para o candidato será bastante desfavorável qualquer que seja a decisão do Comitê Eleitoral. Chegou a haver rumores em redes sociais de que ele enfrentaria a pena e continuaria à frente da Uefa, mas a informação foi desmentida ao blog Bastidores FC pelo seu porta-voz, Pedro Pinto.

– Se ele tivesse entregado os documentos hoje (quinta-feira) ele não poderia concorrer. Foi inteligente o bastante para entregar ontem. Será decidido pelo Comitê Eleitoral se ele poderá concorrer ou não. Mas há um “mas”, um “mas” importante: se ele estiver suspenso, como é o caso agora, ele não poderá comparecer a nenhum evento no mundo do futebol, a nenhuma reunião de comitê na Uefa, ou a qualquer atividade como candidato em termos de campanha, e não poderá comparecer a nenhuma partida internacional. Ele pode ir a uma partida no seu quintal, mas só isso. Mesmo se o Comitê Eleitoral permitir que concorra, ele não poderá fazer campanha, então politicamente ele está fundamentalmente prejudicado – disse a pessoa ligada ao Comitê de Ética.

Mesmo após a punição, Platini emitiu um comunicado oficial através do site da Uefa, no qual contesta a punição.

Confira o que dirigente disse em sua defesa:

“Mais cedo, fui informado da decisão do Comitê de Ética da Fifa de me impor uma suspensão provisória por 90 dias, com efeito imediato. Essa decisão, que eu obviamente vou contestar da maneira apropriada e no tempo apropriado, já havia sido tema de um vazamento deliberado, e eu já dei a minha opinião sobre isso mais cedo.

Rejeito todas as alegações que foram feitas contra mim, pois são baseadas em meras aparências e incrivelmente vagas. De fato, a palavras dessas alegações meramente declaram que uma transgressão ao Códido de Ética “parece ter sido cometida” e que a decisão da matéria não pode ser tomada imediatamente.

A despeito da natureza burlesca desses eventos, me recuso a acreditar que é uma decisão política tomada na pressa para macular alguém que devotou sua vida ao jogo ou quebrar a minha candidatura à presidência da Fifa.

Quero que todos saibam o meu estado de espírito: mais do que uma sensação de insjustiça ou o desejo de vingança, sou norteado por um sentimento profundo de desafio. Estou mais determinado do que nunca a me defender perante os órgãos judiciais competentes.

Quero reiterar nos mais fortes termos que vou me dedicar a assegurar que minha boa fé prevaleça. Tenho recebido inúmeras mensagens de suporte das associações membros da Uefa e de outras confederações, me encorajando a continuar o meu trabalho e servir os interesses do futebol. Nada me fará desistir desse compromisso”.

Notícia: Vicente Seda
Imagem: Ruben Sprich/ Reuters