Adolfo Pegoraro

Ricardo Pepe com a esposa Patrícia e o filho Gustavo, quando o médico era apenas torcedor do Marreco e quando podia aglomerar pessoas no Ginásio Arrudão. Foto: Adolfo Pegoraro

Natural de São Paulo, Ricardo Pepe estudou e se formou em Curitiba. Depois de cursar Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de fazer residência médica em Neurocirurgia no Hospital de Clínicas da UFPR, o doutor Ricardo Pepe veio morar em Francisco Beltrão há 16 anos. Sempre acostumado com o futebol nos tempos em que morava na capital paranaense, ele se deparou com outra modalidade no interior do Estado, o futsal. Como forma de entretenimento, começou a levar a esposa Patrícia e o filho Gustavo no Ginásio Arrudão, para assistir aos jogos do Marreco. A família pegou gosto, tanto que compra o sócio-torcedor há seis anos e tem cadeira cativa na arquibancada. Ricardo Pepe gosta de sentar sempre atrás do banco de reservas do adversário, onde fica incomodando os visitantes.

De torcedor fanático a intergestor do clube, esse foi o salto que Ricardo Pepe deu em 2020, a partir do convite do supervisor Mauro Córdova e do empresário Gláucio Amorim, o Carioca, que também faz parte do grupo gestor, que dá apoio à diretoria do Marreco. Embora não goste desse título e é verdade que nunca pediu para ser chamado assim, Ricardo Pepe pode ser considerado o médico que não deixou o Marreco fechar as portas. O próprio presidente Ivo Dolinski admitiu isso recentemente, em entrevista: “A gente tinha um planejamento para esse ano, mas com a pandemia tudo ficou diferente. Até pensamos em desmontar a equipe, a situação era difícil. Além das dívidas do passado, a gente precisava trabalhar com a atual situação do clube, sem jogos e com pouca arrecadação. Aí ficamos muito felizes com a vinda deles (Gláucio Amorim e Ricardo Pepe). O doutor pediu pra ficar à frente dessa renovação do clube, e já conseguiu mudar muita coisa, já estamos com planejamento de três anos com eles.”

“Eu e o Gláucio éramos torcedores do time, o Marreco é um momento de família para nós. Eu sempre levei meu filho ao ginásio. A gente percebeu que é o momento de contribuir. Não chegamos pra substituir ninguém, somente para somar. E não estamos aqui pra criticar ninguém também, a gente sabe das dificuldades que todos tiveram no passado. Toda essa reformulação que a gente está fazendo, pra não fechar, só deu certo porque a diretoria nos deu carta branca para negociar, e só deu certo porque os jogadores aceitaram a readequação de salário bem severa. Temos um compromisso com eles de que o salário todo mês sai de forma adiantada, inclusive com ajuda de custo. A gente explicou pros atletas que se não fosse assim, não haveria mais clubes, e eles aceitaram isso”, comenta Ricardo Pepe. Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o Marreco pagou em 2020 todos os salários rigorosamente em dia. O clube ainda tem dívidas de temporadas anteriores, mas o cronograma foi feito para sanar tudo o quanto antes e voltar a fazer um investimento maior.

“Era pra ser um ano de montar um time com bom custo-benefício e fazer um pagamento de dívidas anteriores e entrar em 2021 com um time com mais investimento. Só que aconteceu tudo isso, essa parada, fizemos um novo planejamento. Temos uma equipe muito boa. A nossa ideia inicial de sobrevivência, não vai ser só isso, vai ter disputa mesmo, vamos incomodar bastante. Se alguns clubes estão vendo umas saídas de atletas como enfraquecimento, estão enganados”, complementa o médico neurocirurgião Ricardo Pepe, agora intergestor e patrocinador do Marreco.