Luan Amaral

Obras no ginásio Maurício Leite de Moraes, em Orlândia, devem ser concluídas em breve. Foto: Luan Amaral

Desde 2016, a casa do vitorioso futsal do Orlândia vive uma novela que se estendeu além do planejado e que ainda não tem um final feliz. O ginásio Maurício Leite de Moraes entrou em obras há cinco anos e, atualmente, depende de liberação de verba na Caixa Econômica Federal (CEF) para ser finalizado.

Neste meio tempo, três gestões passaram pela prefeitura de Orlândia, a empresa responsável pela obra quebrou e o ginásio teve suas obras paralisadas várias vezes, incluindo o atual momento. O time, até então símbolo da cidade, virou um nômade no futsal, com várias mudanças de sede.

– A obra do ginásio está cerca de 95% feita. Desses 95%, o que faltam são dois convênios, que têm dois valores, como se fossem duas obras em uma só, e a gente está aguardando apenas a Caixa Econômica Federal, que faz a gestão de recursos da obra, liberar uma nova licitação – explicou Leonardo Alves, secretário de obras de Orlândia.

Contudo, ele mesmo deixa claro que os detalhes que faltam não são tão simples, pois a liberação de verbas públicas se tornou um dos principais empecilhos na conclusão do projeto, já que a forma com o qual os recursos foram liberados arrastaram o prazo final.

– O que aconteceu, na verdade, é que se trata de uma ampliação em que 80% é em pré-moldado de concreto. Você não consegue fazer por partes, é preciso fazer inteiro, só que o recurso do governo veio em partes, eles vão mandando o dinheiro em pequenas partes. A empresa não tinha capital para bancar o valor dessa parte pré-moldada, então precisava esperar o dinheiro do governo para ter o dinheiro para a obra – explicou o secretário, que também detalhou os problemas com a empresa contratada no início da obra, há cinco anos.

– A empresa que estava fazendo a obra desde 2016 quebrou por conta de outros contratos, já que eles trabalhavam paralelamente com estradas e afins, e isso repercutiu na obra do ginásio. Fizemos a rescisão contratual, penalizamos eles e agora fizemos uma revisão do projeto inicial, enviamos para a Caixa, que analisou, e estamos aguardando somente eles enviarem o contrato da nova empresa.

O que falta?

Até o momento, boa parte da reforma já foi finalizada, como a nova iluminação e os vestiários. De acordo com o secretário de obras, faltam a pintura e o fechamento da parte frontal do ginásio, que será um saguão na entrada.

Luan Amaral

Obras no ginásio Maurício Leite de Moraes, em Orlândia. Foto: Luan Amaral

Apesar de otimista com a rapidez que a obra será concluída, assim que retomada, Leonardo Alves não consegue prever quando a reforma voltará a andar. Como afirmou anteriormente, a Prefeitura de Orlândia depende, agora, do aval da CEF, que terá de liberar mais verbas.

– Eu acredito que, a partir da liberação da Caixa, serão no máximo 90 dias para o término. A Prefeitura só acompanha a obra, mas toda a gestão é feita pelo Governo Federal, então para reiniciar depende da Caixa Federal – afirmou.

Por conta dos problemas na conclusão da reforma, inclusive, a obra do Maurício Leite de Moraes teve um aumento no valor inicial que, segundo Alves, está relacionado ao encarecimento dos materiais utilizados no ginásio durante os últimos anos e aos obstáculos enfrentados logo no início do projeto.

Além disso, o valor divulgado no começo do projeto, cerca de R$ 1,5 milhão, ficou abaixo do que foi, de fato, disponibilizado. No total, a verba passou da casa dos R$ 2 milhões.

– No início era cerca de R$ 2,2 milhões. Tiveram duas emendas, uma de R$ 1 milhão e a outra de R$ 1,2 milhão. Na gestão seguinte, que entrou em 2017 e ficou até 2020, houve aditivos no contrato por conta de vários problemas no início do projeto, pelo equilíbrio financeiro, além de que os materiais subiram muito.

Linha do tempo

A reforma do ginásio de Orlândia foi anunciada em 2014, mas só começou na metade de 2016 – o último jogo do time de futsal na cidade foi no dia 2 de junho. O poder público planejava entregar o ginásio pronto ainda naquele ano, o que nem sequer passou perto de acontecer.

De lá para cá, iniciou-se uma novela que dura mais de cinco anos. No período, as obras pararam e voltaram diversas vezes, e encontram-se estacionadas mais uma vez. Entre idas e vindas, diversos prazos foram divulgados pela Prefeitura, como em 2017, quando os trabalhos foram retomados com prazo de término no início de 2018.

Luan Amaral

Apesar de obras estacionadas novamente, Prefeitura não quer fechar as portas para retorno do time de futsal da Intelli. Foto: Luan Amaral

Por conta do imbróglio, o clube, comandado pela empresa Intelli, se mudou para São Sebastião do Paraíso (MG), São Carlos, Dracena, e, atualmente, tem sede em Santo André, apesar de mandar seus jogos em São Bernardo do Campo, município vizinho.

Não existe nenhuma garantia de que a equipe, campeã paulista, brasileira e eleita a melhor do mundo em 2013, retorne à cidade natal, mesmo quando o ginásio estiver finalizado. Entretanto, Leonardo Alves faz questão de afirmar a vontade do poder público em ter a volta à casa de seu “bom filho”.

– Com certeza, a Prefeitura espera que o time de futsal volte, mas além de tudo queremos devolver o ginásio à população.