O trabalho com os pés é uma evolução no futsal. Duas décadas atrás os goleiros usavam apenas as mãos para contribuir ofensivamente. As gerações mais recentes talvez nem imaginem o cenário do goleiro só poder lançar a bola com a mão tendo que tocar o solo antes do meio da quadra. Em um segundo momento sendo permitido o lançamento direto à metade adversária para somente depois os pés fazerem parte da realidade.

“A evolução dos goleiros é grande, principalmente no que se diz respeito aos treinamentos. Antigamente não se tinha os preparadores de goleiros que se preocupam no que os goleiros necessitam melhorar. Os goleiros, hoje em dia, têm que ser o mais completo possível, por isso a importância de se trabalhar todos os fundamentos e todas às ações para que o mesmo tenha um vasto leque de opções para atuar nas ações dos jogos”, destaca Fred, preparador de goleiros do Jaraguá e Seleção Brasileira.

Alisson Lima

Deivd, goleiro do Campo Mourão, é conhecido também por sua habilidade com os pés. Foto: Alisson Lima

O goleiro passou a ser um quinto jogador em quadra. A regra do goleiro linha permitiu que muitos nomes passassem a sentir a sensação até então somente desfrutada pelos demais jogadores. Fazer gol e comemorar com a torcida é algo normal nos dias atuais. Verdade que para uns mais que os outros.

“No meu caso sempre fui usado como uma arma de estratégia de jogo por onde sempre passei anotando mais de 60 gols na carreira, então vejo uma vantagem em equipes que tem esse tipo de recurso a mais dentro de um jogo”, conta Deivid, goleiro do Campo Mourão.

Mesmo para quem nunca usou luvas profissionalmente, mas hoje é especialista na área, o reconhecimento da evolução é evidente. “A evolução é monstruosa. Quando era criança gostava de jogar no gol, joguei em uma escolinha e fiz testes sem êxito. Nessa época o goleiro pegava a bola baixa de forma diferente. O salto lateral, atualmente, também tem outra técnica de movimento. São vários gestos que evoluíram na parte de impacto e na eficiência da defesa. Claro, jogar com os pés obrigou a evolução técnica para passar, lançar e até chutar. Na minha época o forte era o arremesso com a mão em direção ao solo ainda”, relembra Carlão, preparador de goleiros do Magnus.

Para o colega Igor, preparador do Pato, o crescimento da importância do goleiro vai além. “Evoluiu não só com os pés, mas no entendimento do jogo. Pode executar coberturas, mas até armar as jogadas com a bola na mão, podendo iniciar ataques. E a parte física evoluiu também. Hoje os goleiros são mais rápidos e mais fortes do que antes”.

A nova geração de goleiros olha para trás e observa os aprendizados. Olha para o futuro com a certeza de que há muito o que contribuir para os times e para os treinadores. Defender há bastante tempo não é mais a única tarefa de quem atua embaixo das traves.

Ulisses Castro

Gian Wolverine, da ACBF, é um dos grandes goleiros da atualidade. Foto: Ulisses Castro

“Nós somos a evolução dos goleiros antigos. Melhoramos nossas habilidades e acrescentamos ela ao jogo. A regra nos proporcionou isso! Hoje, para os goleiros de alto nível conseguir jogar, ele tem que ter esse recurso, pois o jogo exige que ele consiga fazer essa função. Acredito eu que para estar no topo tem que estar com esse fundamento apurado. Muitas vezes uma bola em nossos pés pode dar vantagem nos jogos e até vitórias, não propriamente com gols, mais sim com passes também”, conclui Gian, um dos mais experientes da função, que atualmente defende a ACBF.

Não resta dúvida de que as dificuldades sempre foram maiores para os goleiros, tanto no futebol de campo como no futsal. Ao mesmo tempo, a mudança na regra e a agilidade da modalidade trouxeram maior protagonismo para os arqueiros, por isso a conclusão é de que a profissão não apenas mudou, mas evoluiu.

João Paulo Benini

Velloso defende a meta da Intelli Tempersul. Foto: João Paulo Benini

“No futsal atual, mais goleiros surgem e evoluem nesse aspecto, pois o jogo está pedindo isso, além de ser uma forma de atacar com um jogador a mais, também é uma forma de desafogo, de controle da posse da bola, de transição defensiva para ofensiva. Alinhando essa característica com a principal de nós, goleiros, que é defender e tentar ser o melhor debaixo das traves, com certeza a performance será de um grande goleiro”, encerra Velloso, arqueiro da Intelli Tempersul.

O início da LNF2020 segue suspenso por tempo indeterminado devido a pandemia de COVID-19.