Fez, dia 25 de abril de 2020, uma década desde que os encarnados, ao comando de André Lima, conquistaram a UEFA Futsal Cup, no então Pavilhão Atlântico, frente ao Inter Movistar, por 3-2 já no prolongamento. A história prolonga-se até agora e os seus intervenientes acreditam que foi um passo muito importante para aquilo que é o futsal nacional atualmente.

A Zona Técnica esteve à conversa com André Lima, treinador das águias na altura, que considerou que “os adeptos foram o segredo da nossa vitória”, desde a Ronda de Elite, jogada no Pavilhão da Luz, recordando o dia da mítica conquista.

Benfica

Benfica comemora 10 anos da conquista da UEFA Futsal Cup. Foto: Benfica

Zona Técnica: 10 anos depois, a conquista da UEFA Futsal Cup continua a ser sentida da mesma forma?

André Lima: É um dia inesquecível para toda a comitiva que fez parte daquela conquista e para os quase 10 mil de benfiquistas que estiveram no Pavilhão Atlântico naquele dia, também por ter acontecido no dia 25 de abril ainda mais ajudou à festa.

 

ZT: O que sente quando relembra esse dia?

AL: Não foi só aquele dia, no dia anterior tivemos uma meia-final muito difícil contra o campeão italiano que, na altura, era uma equipa fortíssima, em que ganhámos 7-5, se não estou em erro.  Por isso não foi um dia, mas sim um fim-de-semana que ficou para história e o que mais relembro desse dia é que estava um ambiente diferente e fantástico.

 

ZT: O fator casa, mesmo que não no vosso pavilhão, foi uma mais-valia?

AL: Foi, sem dúvida nenhuma, muito importante jogar em Lisboa. O ambiente e os adeptos que foram incansáveis durante todo o jogo, aliás, os adeptos foram o segredo da nossa vitória desde a Ronda de Elite jogado no Pavilhão do Estádio da Luz. Fantásticos!

 

ZT: Qual o momento que destaca dessa caminhada europeia?

AL: O momento que destaco foi a vitória sobre o campeão da Rússia, na fase de Elite da UEFA CUP, jogo que empatámos 2-2, mas a diferença de golos deu-nos acesso à final-four. Era uma das melhores equipas do mundo naquela altura. Foi um jogo muito difícil em que estivemos a ganhar 2-0, mas os russos perto do final empataram o jogo 2-2. Foi muita emoção até ao final.

 

ZT: Quando sentiu que a equipa poderia vencer?

AL: Senti desde o início da época quando pedi os reforços ao Presidente. Com o grupo que já tínhamos senti que podíamos ser campeões da Europa com uma equipa quase toda formada por jogadores portugueses e com brasileiros com mentalidade à Benfica e de grande qualidade.

 

ZT: Que sentimento reinava durante o prolongamento?

AL: O sentimento que reinava no prolongamento é que estávamos a ser melhores em todo jogo e que merecíamos ganhar aquele jogo.

 

ZT: Lembra-se qual foi o seu primeiro pensamento aquando da conquista?

AL: Foi de pensar na minha família e amigos, que tinha a certeza de que estavam a sofrer com aquele jogo. Acabei por me emocionar no fim do jogo.

 

ZT: Fale-nos um pouco do espírito do plantel durante esse processo.

AL: O espírito da equipa já vinha de há muitos anos juntos na procura daquela vitória.  Um grupo de jogadores com muita personalidade, qualidade técnica do melhor que havia e com um espírito vencedor. O sentimento que reinava era que todos sentíamos que tinha chegado o momento pelo qual todos esperávamos.

 

ZT: O treino e a preparação foram feitos de forma diferente?

AL: Os treinos naquele fim-de-semana foram preparados ao pormenor, tanto no campo como nas reuniões de preparação para os jogos da meia-final e final. Mas não houve segredos, focámos muito na nossa ideia de jogo e na estratégia adotada para aqueles adversários.

 

ZT: Uma década depois, mudaria alguma coisa?

AL: Não mudaria nada, tomava as mesmas opções, escolhia os mesmos jogadores e as mesmas estratégias.

 

ZT: Alguns dos seus jogadores da altura ainda estão no ativo. Gostaria de ter a possibilidade de reencontrar alguns deles para os voltar a treinar?

AL: Acho muito difícil voltar a treinar alguns desses de jogadores.  Mas neste mundo nunca se deve dizer nunca.

 

ZT: Sente que esse título impulsionou o futsal português?

AL: Sem dúvida que foi uma vitória que impulsionou o futsal português. Até então era o ‘quase que dava’!  Depois dessa vitória já a nossa seleção é campeã da Europa e o Sporting campeão europeu, ambas vitórias com grande quantidade.