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Em 2014, Café foi apresentado no Sporting Paris, que tem o uniforme igual ao Sporting de Portugal, mas com o leão escalando a Torre Eiffel no escudo. Foto: Assessoria

Bruno Loureiro Barros, o Café, 35 anos, é natural do Rio de Janeiro, onde começou a jogar futsal, aos seis anos, no River Futebol Clube, time do seu bairro. De lá para cá, nunca mais se desligou da modalidade que, segundo ele, é sua grande paixão. O recém contratado pelo Marreco se apresenta em Francisco Beltrão no dia 28 de janeiro para o início da pré-temporada. Vai ser sua segunda temporada no futsal paranaense, pois ano passado foi campeão da Liga Paraná pelo Campo Mourão. O atleta, que tem passagens por clubes como Joinville, Atlântico e Corinthians, comentou em entrevista sobre seus quatro anos de convocação para a Seleção Brasileira, a artilharia da Uefa Champions League em uma de suas três temporadas no Sporting Clube de Portugal e também o título de “embaixador do futsal da França”, após sua passagem pelo Sporting Paris.

Como foi a sua infância? Muito ligada ao futsal?

Eu comecei a jogar futsal com seis anos e nunca mais parei. Comecei num time do meu bairro, no River Futebol Clube, depois fui pro Bonsucesso, em seguida pro Fluminense e então segui a minha carreira. Sou muito ligado ao futsal. Tive algumas oportunidades de jogar campo, mas a paixão pelo futsal me deixou na modalidade até hoje, graças a Deus.

Por que você acha que o futsal do Rio de Janeiro não tem tanto investimento em competições adultas com já teve no passado?

Primeiro que é uma tristeza ver o futsal carioca do jeito que tá. Na minha opinião, está assim por causa da gestão de algumas pessoas, a política também, tudo isso contou pra estar assim. É a minha opinião, né. Torço para que melhore. A gente viu acontecer um campeonato estadual adulto e sub-20 no ano passado, mesmo devagar mas aconteceu a competição. Isso dá uma esperança grande, tomara que volte logo.

O que é mais difícil: chegar na Seleção Brasileira ou se manter entre os convocados?

As duas coisas são difíceis. Na minha época eu considero muito mais difícil, a gente tinha a concorrência de outros jogadores, que agora pararam, mas que naquele tempo eram muito bons. Na minha posição então, nem se fala, era muito difícil estar ali. Eu consegui ficar quatro anos sendo convocado para a Seleção Brasileira, tinha Gabriel, Vinícius, Falcão, todos no auge da carreira, e consegui estar ali no meio. Não todas as convocações, para eu sempre estava ali, isso pra mim foi muito gratificante, porque realmente era muito difícil. Se manter na Seleção Brasileira é muito difícil porque você tem que sempre jogar bem, tem que se dedicar bastante.

Você já foi considerado o “embaixador do futsal na França”. Como vê a evolução do futsal francês?

É verdade, quando eu cheguei (no Sporting Paris) me deram esse apelido aí, uma grande responsabilidade, de embaixador do futsal da França. Foi uma experiência muito legal, um país que eu nunca tinha ido, o futsal ainda estava começando por lá, e conseguimos jogar pelo menos a primeira parte do Campeonato Francês e jogamos a UEFA, competição que perdemos apenas um jogo na fase elite, pro Kairat. Essa fase foi no Cazaquistão, aí ficamos fora. Ainda fiquei como artilheiro da UEFA com dez gols. Saí de lá com o time líder do campeonato, com alguns pontos na frente. Fui bem recebido, era um time que eu já tinha jogado contra quando eu estava em Portugal. E o futsal francês tem melhorado cada vez mais, tanto que o considerado melhor jogador do mundo está jogando no país, o português Ricardinho. Tem muitos brasileiros por lá, tem o Guina, que também foi da Seleção Brasileira por muito tempo, que também jogou no Marreco. A gente fica feliz com isso.

Como foi sua experiência no Sporting Clube de Portugal? Conhece algum clube brasileiro que invista em tantas modalidades assim? Como funciona essa questão de núcleos em outros países?

Minha experiência no Sporting de Portugal foi a melhor que eu tive fora do país, um clube sério, estrutura impressionante, onde eu fui muito feliz, vencemos os três títulos que são disputados no país. No primeiro ano, a Super Taça. No segundo ano, a Taça de Portugal. E no terceiro ano, o Campeonato Português. Fiquei lá por três temporadas. É um clube que tem muitas modalidades e todas elas disputando título, com bons times. O Sporting está onde está hoje por mérito, a estrutura é impressionante. O Sporting Paris é um núcleo do Sporting Portugal na França. São portugueses que foram morar em Paris e começaram um núcleo. O Sporting tem vários núcleos (mais de 25, em 12 países). São portugueses, apaixonados pelo clube, que começam um núcleo, seja com uma escolinha ou com um time adulto. O uniforme é o mesmo, só muda o escudo. No Sporting Paris o leão está escalando a Torre Eiffel.

Gostou de disputar o Campeonato Paranaense e a Liga Paraná?

Eu disputei pela primeira vez o Campeonato Paranaense e a Liga Paraná em 2020. É um dos estados que têm o campeonato mais disputado do Brasil, isso há muitos anos já. Costumam chamar o Paranaense de Mini-Liga Nacional. E os times que não jogam a Liga Nacional, também são muito bons, que dão muito trabalho e que geralmente estão chegando também na fase final. Gostei demais de jogar o Paranaense e a Liga Paraná, tem que estar em alto nível o ano inteiro, é um grande desafio. Foi uma pena ano passado, por conta da pandemia, ter sido diferente, mas espero que esse ano tudo volte ao normal, que voltem os torcedores pro ginásio, que essa vacina chegue a todos, pra imunizar a população, e que a festa possa voltar a ser bonita, como era antes.