A emoção tomou conta do ginásio do Parque São Jorge na sexta-feira. Depois de seis eliminações seguidas na semifinal, o Corinthians finalmente alcançou a decisão da LNF. E, em uma daquelas curiosidades do esporte, a vaga na final veio exatamente no ano em que o time estava, no papel, com o elenco menos talentoso. Mas afinal, qual é o segredo do Timão? A resposta está no mix de juventude com experiência, em um técnico novo que conhece muito bem o clube e, claro, na torcida. Aos 40 anos, Vander Carioca, titular da seleção na década passada, explica:

– Olha, jogar no Corinthians é diferente de tudo. Eu queria ter vindo antes para cá, para aproveitar mais esse time, essa torcida. O time está unido e está fazendo história. E vamos continuar fazendo história – disse.

Yuri Gomes

Deives e Vander Carioca comemoram a classificação. Foto: Yuri Gomes

Vander Carioca, 40 anos, Índio, 41, e Foglia, 35, formam a velha guarda da equipe. Jogadores importantes dentro de quadra e mais ainda fora dela. O trio não costuma atuar por muitos minutos, mas quando entra sempre é decisivo. Foi o caso de Foglia na partida de ida das quartas de final contra o Erechim, Índio no jogo de volta das quartas e Vander na semifinal contra o Assoeva, anotando o segundo gol do time. Douglas, de 21 anos, é uma das estrelas novas do elenco e sabe da importância dos mais experientes.

– Não é qualquer time que tem a experiência desses três. E o mais impressionante é que eles correm também…O Vander vem e dá carrinho aqui. Isso sem contar que eles ajudam bastante a gente fora das quadras. É uma mistura bem legal – disse o jogador.

A “nova guarda” do time tem uma lista de jogadores que cresceram no time, e vieram das categorias de base. Além de Douglas, outros jogadores ainda estão em começo de carreira, casos de Rocha, Marcel e Leandro.

Uma escolha que foi muito acertada da diretoria do Corinthians foi confirmar André Bié no cargo de técnico. Ele é, atualmente, o técnico da seleção brasileira adulta, cargo assumido após a péssima campanha do time na Copa do Mundo, em setembro.

– No começo havia uma desconfiança entre os (jogadores) mais experientes (com o trabalho dele no Corinthians), com a questão dos mais jovens de: ‘será que ele vai proteger os garotos?’. Depois, com o tempo, fui mostrando que tínhamos que sempre pensar como grupo. Porque tanto os experientes, quanto os mais jovens, poderiam dar um equilíbrio positivo para o nosso elenco – disse.

A torcida não pode deixar de ser citada. Presente em bom número em todas as partidas, o público deu um show na semifinal, quase lotando o ginásio e empurrando a equipe. É unanimidade entre os jogadores a importância da arquibancada na vaga conquistada. E o carinho é retribuído ao fim de cada jogo, com os atletas ficando quinze ou vinte minutos atendendo a torcida com fotos e autógrafos.

Por fim, não se pode esquecer de citar a força de superação do goleiro Guitta. Há poucos dias, seu filho Enrico, de dois anos, faleceu vítima de uma parada cardiorrespiratória. O camisa 91, mesmo assim, jogou a semifinal e, após a partida, foi aplaudido por toda torcida, que gritou seu nome. Ele, com lágrimas nos olhos, preferiu não falar com a imprensa.

O adversário na decisão da Liga sai neste domingo, às 11h, no duelo entre Magnus e Copagril. O primeiro jogo foi 2 a 1 para os paranaenses.

Yuri Gomes

Ovacionado, Guitta se emocionou. Foto: Yuri Gomes