O ditado de que o melhor da festa é esperar por ela nunca fez tão pouco sentido como agora. A edição histórica da LNF, assim como as competições todas espalhadas mundo à fora irá demorar um pouco mais para iniciar. Programada para ter início no final de março, a LNF2020 segue sem prazo estabelecido. Enquanto isso, as equipes que planejam a temporada seguem um período atípico de treino, fruto da quarentena imposta pelo coronavírus. Se já era difícil projetar o campeão pelo histórico de equilíbrio do torneio, o que dirá agora com o cenário posto.
“Vejo que ainda não sabemos o modo de disputa, mas com certeza deve ser diferente, e será um ano atípico pois pelo calendário apertado terão jogos um próximo do outro, então vejo que quem conseguir suportar a qualidade do jogo, intensidade e acima de tudo o grupo bem por completo ou na sua maioria, deve levar”, destaca Keké, pivô da Assoeva.
O Rio Grande do Sul, estado com maior número de títulos na LNF, além da Assoeva, tem o Atlântico e a supercampeã ACBF, que reforçou ainda mais o elenco para a temporada, nada que aponte favoritismo.
“Eu duvido fazer alguma enquete e dizerem que somente 2 ou 3 clubes irão ganhar a LNF. Jamais, pois o equilíbrio sempre foi muito próximo e está a cada ano ficando assim”, completa Keké.
O isolamento social alterou a rotina de todos os clubes. Férias foram antecipadas em alguns casos e em todos, os treinos durante a quarentena foram feitos à distância e sob observação dos preparadores. Para o experiente Ciço, fixo do Pato, a expectativa não pode ser abalada.
“Temos que ter ela intacta e ser a melhor possível. Podemos ser a única equipe tricampeã seguida da liga. Sabemos que a situação é complicada, mas o foco tem que ser a solução para doença e o preparo com as orientações passadas pelo preparador físico e pelo fisioterapeuta. Quando reiniciar, não reiniciar do zero. Nossa ambição no Pato é tão alta quando a expectativa.”
Ninguém até hoje conseguiu a façanha de levantar três troféus consecutivos. A dificuldade para Ciço está também fora das quatro linhas.
“Falar que é a Liga mais difícil do mundo é bater na mesma tecla. Não somente pelas viagens que são longas, mas pelas quadras e pisos serem diferentes umas das outras, e pela força das equipes que tem a melhor matéria prima do mundo. Sai jogador e volta jogador e a qualidade da competição segue a mesma. Nossa cidade respira futsal e vamos atrás do tri”, completa.
Os jogadores da LNF terão dificuldades além das que estão acostumados a encarar. Por isso, para quem tem experiência de sobra, é natural que os times não iniciem o torneio como geralmente acontecia.
“As equipes só irão se ajustar de verdade durante a competição. Por isso, creio que o nível técnico cairá um pouco nas primeiras rodadas. A Liga só começará de verdade nos Playoffs.”, observa Tiago, goleiro do Corinthians.
Para ele, essa especificidade da edição 2020 poderá permitir uma diferença de comportamento das equipes, pelo menos na largada. A qualidade técnica seria preponderante na opinião do goleiro.
“Talentos individuais poderão se sobressair mais em relação ao coletivo. O jogo poderá ficar mais vistoso para a torcida, mas sem grandes jogadas coletivas. Lá na frente, com as equipes melhores preparadas fisicamente e taticamente, aí sim o show ficará mais completo”, avalia.
Um nome que está de volta ao cenário da LNF é Neto. Campeão pela seleção brasileira e depois de algum tempo afastado do cenário nacional, retorna nesta temporada para vestir a camisa do Praia Clube e ser o centro do time. O entusiasmo da chegada, evidente, sentiu o reflexo do momento atual e da expectativa gerada para a volta.
“Ela deu uma quebrada até porque não sabemos como o mundo vai ficar depois do que está acontecendo. Esperamos que tudo volte ao normal. A preparação vai ter que ser intensa para que todas as equipes recuperem o tempo perdido. Vamos esperar qual vai ser o modo de disputa e dar sequência ao que vinha sendo feito. A competição é a mais disputada do mundo e o Praia Clube tem boa expectativa para a temporada”, afirma o jogador que, assim como os destaques das principais equipes, sublinha o pequeno distanciamento técnico entre as franquias.
“Isso sempre foi uma tônica. O equilíbrio é muito grande na LNF. Vamos aguardar que modificações serão feitas em decorrência do tempo que teremos para disputar a competição. Dependendo do que ocorrer, a margem de erro será menor ainda. Independente disso, a mais difícil é a que está por vir.”
Em relação ao ano passado, serão três novidades na disputa. Além do Praia Clube, de Neto, o Brasília também entrará como convidado. O Umuarama irá ocupar a vaga do franqueado São Paulo.
Confira alguns destaques dos times da LNF para a temporada 2020
ACBF: Jhow (ex-Pato), Vini (ex-Campo Mourão), Pedro Rei (ex-Marreco) e Fellipe Mello (ex-Copagril) são os principais reforços
Assoeva: trouxe de volta o ala Valdin, e contratou o pivô Keké, artilheiro e melhor pivô da LNF2018
Atlântico: também foi buscar um conhecido da torcida, o fixo Grillo
Blumenau: contratou do ala Diogo, campeão catarinense pelo Joaçaba em 2019, e a volta do fixo Rafinha
Cascavel: o ala Alexandre Pintinho é a principal novidade na Serpente
Campo Mourão: levou o pivô Sinoê, ex-Marreco
Corinthians: reforçou o elenco com o ala Jackson Samurai, ex-Joinville, e o pivô Éder Lima, ex-Magnus
Foz Cataratas: manteve a base do elenco de 2019, com a permanência do ala Rodrigo Trentin, destaque na última temporada
Intelli: a franquia mudou para a Dracena, levou alguns atletas e juntou com a base da equipe da cidade no ano anterior
Jaraguá: contratou o ala Cabreúva, que fez parte da vitoriosa equipe na era Malwee
Joaçaba: o atual campeão catarinense segue apostando em uma equipe jovem e na liderança do técnico Paulinho Sananduva
Joinville: contratou os alas Caio e Renatinho, que defenderam o Corinthians em 2019, e o fixo João Salla, que estava na ACBF
Magnus: manteve a base e não anunciou reforços
Marreco: o ala Ceará, destaque do Blumenau no último ano, chega para reforçar a equipe
Minas: seguirá com a base do ano passado e jovens talentos do sub20
Pato: atual bicampeão da Liga Nacional contratou o fixo Ciço, ex-Joinville
São José: contratou o ala Fabrício, destaque no Campo Mourão em 2019, e o ala Costelinha, que estava no Jaraguá
Tubarão: mescla experiência com juventude. A equipe manteve a base do último ano e contratou o ala Suelton, ex-Copagril