Principal destaque do Umuarama na temporada 2020, o goleiro Alê Falcone quer um desempenho individual e coletivo ainda melhor em 2021, agora vestindo a camisa do Marreco Futsal. Ele disputou a sua primeira Liga Nacional em 2014, pelo CAD (Clube Atlético Deportivo), de Guarapuava. Depois, foi campeão da competição pelo Carlos Barbosa, em 2015, e permaneceu na equipe gaúcha também em 2016. Em 2018 e 2019, jogou a competição pelo Cascavel. Na temporada de 2019, Alê marcou dois gols na competição, e na temporada 2020, no Umuarama, marcou quatro, sendo o goleiro artilheiro.

Em entrevista ao JdeB, Alê Falcone conta porque está evoluindo tanto com a bola nos pés nos últimos anos, além, é claro, de continuar fazendo suas defesas difíceis. O jogador de 30 anos comentou também sobre sua infância, sobre o seu maior ídolo, o irmão Bruno Falcone, que hoje tem 37 anos e está aposentado, mas que jogou profissionalmente por muitos anos na Itália.

Diego Ianesko

Nos jogos decisivos do Umuarama em 2020, Alê Falcone foi um grande motivador no vestiário, incentivando os jogadores mais jovens a surpreender em quadra. Foto: Diego Ianesko

 

Como foi a sua infância do Alê Falcone ligada ao futsal?

Alê Falcone – Eu comecei logo cedo com o futsal, iniciei meus treinamentos com cinco anos de idade. Minha infância sempre foi dentro de quadra. Eu tinha meu irmão que jogava (Bruno Falcone), sempre acompanhei ele. Desde os cinco anos eu já disputava em São Bernardo do Campo os jogos da Federação Paulista de Futsal. Sempre fui goleiro. Minha infância já tinha essa rotina de treinar, viajar para jogar, responsabilidade em quadra.

Qual sua avaliação em relação à formação de goleiros nos dias de hoje? O que um jovem goleiro não pode deixar de aprender quando está nas categorias de base? O que o mercado está exigindo dos goleiros?

Alê Falcone – Hoje em dia a formação é muito mais completa do que na minha época. Hoje existem treinadores específicos para goleiros desde as primeiras categorias até o profissional. Isso é muito importante porque existe a parte tática, a parte técnica. Acho que esse é o principal fator positivo das categorias de base de hoje para goleiros. O mercado hoje exige os goleiros completos, que sabem jogar com os pés também, e eu venho trabalhando muito pra evoluir nisso. Acho que de uns anos para cá passei a me destacar mais com a bola nos pés porque eu venho trabalhando muito isso. Eu não era um goleiro que jogava muito bem com os pés, mas tenho treinado muito isso nas últimas temporadas. Só que não pode deixar de lado o mais importante, que o goleiro precisa defender a sua meta, pois ele está ali pra isso. Se o goleiro conseguir contribuir com a equipe ofensivamente, que bom, mas o principal objetivo é evitar de levar os gols. Ou seja, goleiro pode ser bom com os pés, mas tem que ser melhor ainda com as mãos.

Você chegou a tentar uma chance no futebol de campo ou sempre se dedicou ao futsal? Acredita que o futsal possa ter algum dia um investimento parecido com o futebol de campo?

Alê Falcone – Na minha infância eu sempre jogava futsal e futebol de campo. Em 1999 eu fui jogar no sub-10 do Corinthians, e a gente jogava futsal e futebol. Mas nunca gostei de futebol de campo. Sempre fui mais apaixonado pelo futsal pela dinâmica, de estar sempre trabalhando, sempre participando do jogo, dos 40 minutos da partida. E no campo não tem essa dinâmica total do goleiro, apesar que hoje em dia o goleiro é mais exigido com a bola nos pés. Eu acho muito difícil o futsal se equivaler um dia em relação ao investimento do campo, até pela divulgação. E isso é muito triste porque o futsal é o esporte mais praticado no Brasil, um dos maiores do mundo. E a gente sabe do potencial que o futsal tem. Mas o futsal não tem tanto espaço na mídia como o futebol de campo.

Qual foi a melhor temporada do goleiro Alê Falcone? Que motivos o levaram a escolher esse ano ou clube?

Alê Falcone – Individualmente, essa de 2020 foi muito boa, comecei o ano no Irã e terminei jogando no Umuarama. Foram atuações muito boas e marcantes pra mim. Tanto na Liga Nacional como no Paranaense, eu acabava participando bastante do jogo, defendendo bastante também. Então creio que esse ano de 2020 me colocou em um patamar diferente de reconhecimento.

O que o Alê Falcone gosta de fazer quando não está trabalhando com futsal? Quais hobbies? Que estilo de música gosta de ouvir? Que modalidade gosta de assistir fora o futsal?

Alê Falcone – Eu gosto de estar com a minha família, com minha esposa (Caroline) e com meu filho (Oliver). A gente aproveita a folga pra estar junto, porque eles também trabalham junto comigo. Eles abrem mão de muita coisa pra estar comigo, na minha carreira, então eu gosto de ficar com eles, de assistir filme, seriado, vídeo game, brincar com meu filho, jogar bola, passear, a gente gosta muito de viajar também. Em relação à música, eu gosto muito de samba e pagode, são meus ritmos musicais preferidos. Eu gosto de assistir muito futebol e futsal. No futsal, eu fico assistindo jogos antigos, de ver equipes de outros países, sempre é bom acompanhar a modalidade.

Arquivo pessoal

Bruno Falcone e o filho Enrico, em 2009, na Itália, ao lado do irmão Alê Falcone, que saiu muito cedo do Brasil em busca da realização de um sonho. Foto: Arquivo pessoal

Como foi a experiência de jogar fora do Brasil? Itália, Portugal e Irã têm culturas muito diferentes dentro do futsal? E em comparação com o futsal brasileiro?

Alê Falcone – Eu saí muito cedo do Brasil, em 2008 eu fui pra Itália, com apenas 18 anos. Fiquei lá quatro anos. Em Portugal foi uma breve passagem, somente três meses, porque o clube acabou falindo. E no Irã eu tive a oportunidade de ter mais visibilidade, de jogar numa grande equipe, time que é tricampeão iraniano, campeão da Ásia. Foi uma experiência muito legal de crescimento profissional e pessoal. O Campeonato Português é muito bem organizado pela Federação de Futebol, lá só tem uma entidade que gere todos os campeonatos. É um campeonato muito profissional. Não é tão forte de nível porque não são todos os clubes que são profissionais, mas é muito bem organizado. A maioria dos atletas do futsal de Portugal trabalham em outra atividade e jogam futsal. Isso deixa a desejar um pouco no nível técnico. Eles não podem se dedicar exclusivamente ao futsal porque os salários são bem baixos, principalmente para os portugueses. No Irã, é um campeonato muito forte, pois a Seleção do Irã que tirou o Brasil no último Mundial (2016), são jogadores muito bons, são experientes, a maior parte dos times tem jogadores bons individualmente, então foi um dos melhores campeonatos que eu disputei, tirando a Liga Nacional do Brasil.

Muitos torcedores do Cascavel reclamam que você saiu da equipe duas vezes no meio da temporada. Muitos torcedores do Marreco têm medo que você faça isso com o time de Francisco Beltrão. Como você encara isso? Você fica no Marreco até o fim de 2021?

Alê Falcone – A gente está sempre buscando o melhor pra nossa família. Em 2018, na minha saída pra Portugal, foram prometidas muitas coisas pra mim e pra minha família, que não foram cumpridas na Europa. No outro ano, eu recebi a proposta de ir pro Irã, e foi muito bom financeiramente. Eu até conversei com o pessoal do Cascavel na época que eu recebi a proposta, pois eu gostaria de ter ficado na equipe. Fiz uma contraproposta pra eles, que era pra continuar no próximo ano, que era 2020, e acabou que essa proposta não foi aceita por eles. Mas eu fui buscar o melhor para a minha família, que era o que podia me dar uma estabilidade financeira. A gente sabe muito bem que futsal não é igual futebol de campo, que a gente pode muito bem viver de futsal pro resto da vida, jogando no Brasil, então eu pensei na minha família. Logo no início, quando o professor Serginho (Schiochet) veio falar comigo, já me disse dessa preocupação de eu sair, e eu concordo com ele. Ele me perguntou se eu ficaria a temporada toda, eu disse que com certeza. Eu busco o melhor pra nossa família, e no momento o que o Marreco nos ofereceu é o melhor pra essa temporada, tanto em termos de estabilidade quanto de estrutura. Eles correram muito atrás pra dar para mim e pra minha família uma boa condição, então não tenho nada que reclamar. Com certeza irei cumprir meu contrato até o final do ano. E não estou indo pro Marreco somente pra essa temporada, espero fazer um bom trabalho esse ano também, pra que fique mais tempo em Francisco Beltrão. Vamos passar por essa reestruturação do clube e colocar o Marreco lá em cima novamente, disputando títulos e levando alegrias para essa torcida apaixonada. Só joguei contra o Marreco, mas os torcedores sempre tiveram um carinho muito grande por mim e estou muito feliz de fazer parte dessa retomada do Marreco e vestir essa camisa.