A adaptação à pandemia mudou a rotina também de quem entrou em quadra na temporada 2020. Na final da LNF no último domingo, em Votorantim, foi possível observar um pequeno detalhe fruto das alterações impostas pelo distanciamento. Os jogadores de Magnus e Corinthians não ficaram no banco de reservas e sim nas arquibancadas. No pouco tempo em que esteve ali, local onde sentam os torcedores, Rodrigo ao mesmo tempo em que balançava a perna ávido para voltar ao jogo, tinha no olhar a serenidade de quem, pela experiência de 36 anos, sabia que assim que acionado, saberia o que fazer. No caso dele em particular, comandar o título invicto do time de Sorocaba significava um pouco mais.

Danilo Camargo

Rodrigo, campeão, artilheiro, melhor fixo e craque da LNF 2020. Foto: Danilo Camargo

“O nosso patrocinador há um ano e meio atrás, depois do título mundial me disse: Rodrigo, eu quero a Liga. E eu falei: ‘eu vou te dar a Liga’. A gente vai chegar. Chegamos e vencemos”, lembrou o capitão do Magnus logo após a vitória de 3 a 0 que rendeu o bicampeonato da competição mais disputada no Brasil.

Os dois gols do “Capita”, como é conhecido o camisa 14 do time laranja, na final, garantiram também o bicampeonato seguido da artilharia. Goleador em 2019 com 18 gols, terminou a LNF 2020 com 15, média de 0,8 por partida. Pilar de uma campanha histórica pela invencibilidade e números impressionantes, Rodrigo levou para casa também o troféu de craque da competição, além de figurar como melhor fixo na Seleção da LNF.

Natural de Campinas, mas em Sorocaba desde 2014, o jogador se tornou um dos principais nomes na história do clube do interior paulista. Não somente pela performance desportiva, mas pela relação com a cidade, com a comunidade, companheiros e gestores do clube. A promessa feita em 2018 e paga agora em 2020 revela a cumplicidade de uma relação sólida dentro e fora das quadras. Quadras de ginásios que ficaram vazios durante praticamente todo o ano, mas que não foi motivo suficiente para tirar a emoção da disputa.

“Quero parabenizar toda a LNF, todos os dirigentes e todos os clubes. Mesmo com a pandemia, fizeram uma grande Liga. O esporte quando ele se junta, ele é muito forte e muito grande. O futsal é gigante”, foi o recado dado de punho cerrado pelo fixo goleador ainda em meio à festa pelo título.

Em 2009, em Carlos Barbosa, Rodrigo havia conquistado a LNF pela ACBF. Onze anos depois ele repetiu o gesto. De lá para cá muitas páginas foram escritas na vitoriosa carreira. Uma delas reserva agora um detalhe em especial. Quando for lembrar do título da LNF 2020, Rodrigo vai poder contar que, sentado nas arquibancadas, teve senão a sensação, mas o mesmo ângulo de visão de um torcedor comum, aquele que vez por outra faz promessa para ver seu time sair campeão. Sorte do Magnus que Rodrigo pôde entrar em quadra para pagar a sua.