Quem nunca ouviu a expressão “correr para o abraço” é porque nunca chutou uma bola a gol na vida. Ela é usada como sinônimo de comemoração de um gol e nesse quesito, o futsal é um prato cheio para os artilheiros. Em 25 anos de LNF, alguns jogadores escreveram história na competição abrindo os braços para receber o carinho dos companheiros. Um gesto tão trivial e que, em tempos de pandemia, saiu de cena em prol da saúde, ressurge na imaginação à medida em que os maiores goleadores relembram de suas façanhas pelas quadras do país à fora.

Globoesporte

Falcão é o maior artilheiro da história da LNF. Foto: Globoesporte

O maior artilheiro de todos os tempos da Liga Nacional não podia ser outro que não Falcão. O gênio da perna esquerda alcançou a artilharia em seis oportunidades. Quem mais chegou perto, o que mostra o tamanho do feito, é outro craque na arte de finalizar. Lenisio foi em cinco oportunidades o goleador, sendo uma delas, dividindo o prêmio com o companheiro de time, na época o Jaraguá.

“Guardo todas as vezes com muito carinho, pois a Liga Futsal é muito competitiva. Todas elas foram especiais. Houve situações incríveis em cada uma delas. Por isso não tenho como escolher uma artilharia. Todas as vezes foram marcantes para mim”, garante o pivô.

Lucio Sassi

Lenisio conquistou a artilharia da LNF em cinco oportunidades. Foto: Lucio Sassi

No início da Liga, em 1997, Lenisio já mostrava sua capacidade. Na segunda edição da LNF ele já beliscou a artilharia. Naquela oportunidade também marcou o mesmo número de gols de um grande amigo de seleção brasileira.

“Antes de mais nada, foi um prazer dividir a artilharia a primeira vez, junto com meu irmão, monstro sagrado Lenisio. Cheguei à artilharia na reta final porque fiz cinco na semifinal e dois na final. Anos depois fui vice-campeão, mas foi muito bom repetir a dose e ser artilheiro da LNF” afirma Vander Carioca, defendendo o Atlético-MG naquele ano. Dois anos mais tarde, também defendendo o Galo, Manoel Tobias atingiu um número até hoje imbatível: ele marcou 52 gols ao longo da competição.

Estado de Minas

Manoel Tobias fez 52 gols pelo Atlético/MG em 1999. Foto: Estado de Minas

“Uma façanha que perdura há mais de 20 anos. Foi uma alegria muito grande e serve de incentivo para os artilheiros da atualidade tentar quebrar esse recorde”, comenta um dos maiores nomes da história do futsal brasileiro. Os números dos últimos anos e o caráter competitivo da LNF mostram que dificilmente esse recorde de gols será alcançado. Artilheiro em 2015 pela Intelli, Dieguinho, atualmente vestindo a camisa do Joinville tem outra perspectiva quando questionado sobre a concorrência pelo posto de goleador da Liga.

“Não vejo quais os maiores adversários para disputa da artilharia. Vejo que todos têm condição de brigar. Eu penso antes de ser artilheiro, em ser campeão. Se vier artilharia, melhor, mas quero ser campeão pelo JEC”, ressalta.

Intelli

Dieguinho foi o artilheiro da LNF2015 com 30 gols. Foto: Intelli

Entre as equipes que mais tiveram goleadores, destaca-se sem dúvida o Jaraguá. Falcão em três ocasiões, William e Lenisio formam o pentacampeonato de artilharia do time de Santa Catarina. Na sequência aparecem Ulbra com quatro, seguida por ACBF e Atlético-MG com 3 representantes cada um.

“Com relação ao número menor de gols na artilharia, isso é inegável pelos números que vemos. Números não deixam dúvidas ou argumentos. Mas fica difícil achar uma causa específica para que isso ocorra. Não consigo achar uma única causa para que haja menos gols entre os artilheiros da Liga Futsal”, opina Lenisio.

Estilos entre os artilheiros também variam. Rodrigo, fixo e capitão do Magnus, já foi artilheiro três vezes. Ele é o atual goleador da Liga, já que em 2019 fez 18 gols. Assim como Dieguinho, Rodrigo tem a oportunidade de repetir o feito esse ano. A dica para chegar até lá vem de quem conhece os atalhos.

“Não tem que ser fominha, tem que fazer gol. Se colocar bem e estar no lugar certo na hora certa. Mas conheço uns aí…(risos). Só de lembrar tá dando saudade (risos)”, brinca Vander Carioca. Saudade que será saciada assim que a bola voltar a rolar pelas quadras. Se ainda não será tempo de correr para o abraço, que a comemoração seja de outra forma. Importante é bola na rede e alegria por vê-la balançar.

Carlos Júnior

Vander Carioca foi artilheiro da Liga Futsal em 2013, pelo Joinville. Foto: Carlos Júnior

Jogadores com mais artilharias na competição

Falcão: 6 vezes artilheiro (2005 pelo Jaraguá, 25 gols | 2008 pelo Jaraguá, 32 gols | 2009 pelo Jaraguá, 32 gols | 2010 pelo Jaraguá, 39 gols | 2011 pelo Santos, 32 gols | 2014 pelo Magnus, 19 gols)

Lenisio: 5 vezes artilheiro (1997 pela GM, 36 gols | 2000 pelo Atlético-MG, 50 gols | 2001 pela Ulbra, 25 gols | 2002 pela Ulbra, 31 gols | 2009 pelo Jaraguá, 32 gols)

Rodrigo: 3 vezes artilheiro (2012 pela ACBF, 24 gols | 2016 pelo Magnus, 30 gols | 2019 pelo Magnus, 18 gols)

Vander Carioca: 2 vezes artilheiro (1997 pelo Atlético-MG, 36 gols | 2013 pelo Joinville, 22 gols)

Pablo: 2 vezes artilheiro (2003 pela ACBF, 25 gols | 2004 pela ACBF, 27 gols)

 

Equipes com mais artilheiros

Jaraguá: 5 vezes (Falcão em 3 oportunidades, William e Lenisio)

Ulbra: 4 vezes (Lenisio em 2 oportunidades, Índio e Serjão)

ACBF: 3 vezes (Pablo em duas oportunidades e Rodrigo)

Atlético-MG: 3 vezes (Manoel Tobias, Vander Carioca e Lenisio)

 

Artilheiro com maior número de gols em uma edição

Manoel Tobias com 52 gols marcados em 1999, pelo Atlético-MG

 

Artilheiro com menor número de gols em uma edição

Well com 15 gols marcados em 2017, pela Intelli

 

Artilheiros que se aventuraram no futebol de campo

Ortiz: Jogou no Grêmio, entre 1985 e 1987, mas fez sucesso no rival, e na quadra, onde foi campeão e artilheiro pelo Internacional em 1996.

Manoel Tobias: jogou no Grêmio de Felipão, em 1996. Atuou apenas um semestre e fez um gol.

Falcão: tentou a sorte na Portuguesa, no Palmeiras e no São Paulo. No tricolor, disputou seis jogos e foi campeão Paulista e da Libertadores.

 

Lista de artilheiros da história da LNF

1996 – Ortiz (Internacional) com 25 gols

1997 – Vander Carioca (GM) e Lenisio (Atlético) com 36 gols

1998 – Índio (Ulbra) com 25 gols

1999 – Manoel Tobias (Atlético) com 52 gols

2000 – Lenisio (Atlético) com 50 gols

2001 – Lenisio (Ulbra) com 25 gols

2002 – Lenisio (Ulbra) com 31 gols

2003 – Serjão (Ulbra) e Pablo (ACBF) com 25 gols

2004 – Pablo (ACBF) com 27 gols

2005 – Falcão (Jaraguá) com 25 gols

2006 – Marinho (Intelli) com 25 gols

2007 – William (Jaraguá) com 31 gols

2008 – Falcão (Jaraguá) com 32 gols

2009 – Lenisio e Falcão (Jaraguá) com 32 gols

2010 – Falcão (Jaraguá) com 39 gols

2011 – Falcão (Santos) com 32 gols

2012 – Rodrigo (ACBF) com 24 gols

2013 – Vander Carioca (Joinville) com 22 gols

2014 – Falcão (Magnus) com 19 gols

2015 – Dieguinho (Intelli) com 30 gols

2016 – Deives (Corinthians) e Rodrigo (Magnus) com 20 gols

2017 – Well (Intelli) com 15 gols

2018 – Keké (Atlântico) com 23 gols

2019 – Rodrigo (ACBF) com 18 gols